Escutar a voz do vento num
descampado soa tão estranho e desafiador! Onde o vento roça a sua vara para
tocar seu violino, se de violino for a sua música? Ou cantar o seu canto, se a
sua voz lembrar o humano lamento?
Quem ao correr já ouviu o vento no
rosto a cantar de acordo com o movimento, que se faz com a cabeça, nesses
momentos inesquecíveis, que só os meninos sabem fazer inesquecíveis?
Nas folhas espessas de árvores
frondosas se ouvem até palavras, nas vozes raspadas com sofreguidão, mas o
canto dramático é nas rochas das estepes marinhas, tendo na base o ritmo das
ondas rebentando nas pedras. E o vento ora canta grandiloquente, ora assovia e
até uiva em compasso com os ribombos da trovoada! E à noite escura o serpenteio
dos raios compõem o concerto perfeito entre o vento, as nuvens, as rochas e a
trovoada, para a maior celebração do homem que assiste, entende e vê.
Sim, as rochas, as árvores e até
a relva são os instrumentos de sopro para o vento, sim, mas quem é o músico,
que o sopra?
? Eu sei, todos sabem, mas será
isso mesmo? E as correntes marítimas? E o ar em si é mesmo o quê? O éter em
estado absoluto é o Akasha, segundo a tradição Teosófica, e o éter em movimento
é o ar...
Compreensível que assim seja, mas
o ar essencialmente além do oxigênio, o que mais contém? Prana, ensina a mesma
tradição teosófica.
Sim, mas o que é Prana? Segundo a
tradição é o elemento vital, a vida propriamente dita.
Sim, mas e a vida vem a ser mesmo
o quê? Bem, num contexto mais amplo, muitas coisas, mas nunca nada além dela em
si e rodeada de toda a complexidade das formas que lhe sirvam de veículo.
Se considerarmos uma ameba viva, ou
ainda em forma menor um fóton, e o movimento do mesmo modo uma força também
viva, o que alimenta a ameba e o fóton é o mesmo que movimenta o universo.
Na raiz da vida tudo é muito
simples, mas o homem pra se movimentar cria cada engenhoca complicada!
Não se deu conta que a melhor
invenção é ele mesmo e não foi inventado por ele! Ainda bem!
Mas estas breves palavras servem
apenas para reflexão, e não mais me alongarei. Obrigado pela visita, caros e
silenciosos leitores! Fiquem com Deus, mas com esse Deus que está por trás do
sopro do vento, que está na alegria e ligeireza do fóton, - imagino que o fóton
seja alegre – que está por dentro e por fora do universo, e é aquele que o
movimenta e retrai quando chegar a hora do colapso, ou da entropia universal, e
Ele continue a ser Ele para todo o sempre, ocupando o espaço absoluto e vivendo
o tempo infinito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário