segunda-feira, 2 de junho de 2014

HOMEM



Os principais atributos que distinguem os homens entre si reinam no alto, soberanos: sabedoria e amor. E naturalmente as ações que em seu nome se pratiquem decorrentes e recorrentes dessas supremas virtudes.

Há por isso homens sábios, amorosos, e naturalmente há homens ignorantes e brutos, por lhes faltarem esses atributos maiores.

E não é por outra razão que para aos ignorantes a suprema conquista concentra-se nos bens materiais e nas paixões, e os seus sensores mais ativos giram em torno dos desejos mais densos e fúteis: a paixão pelo seu time, por sua religião sectária, pela cor da sua “camisa única”, ainda que aos milhões tenham sido produzidas; a música mais barulhenta e rude, a marca de cerveja determinada pelo tamanho, e, se houver em barril de muitos litros, melhor ainda, e até um vinho barato, se tivera adquirido o vício de beber vinho, que hábito já será um estágio um pouquinho melhor acima deles.

E naturalmente, e este é o grande drama, o seu candidato, por regra o mais corrupto e o mais corrupto se destaca dos outras pela falácia e grande demagogia.

Para outros a erudição acadêmica, cuja linha que siga preenche uma boa parte de seus celeiros mentais, terrenos e materialista, o que já não é tão ruim, considerando os ignorantes que nada entendem, embora falem pelos cotovelos, iludidos e acreditando ver o que ninguém vê, por de fato aí não haver nada.

Resumidamente isto encerra os desejos de uma maioria absoluta, incluindo-se aí grande parte da população, que se contenta em mitigar a fome.

Entretanto, e de alguma forma, por causa desta maioria é que existem os sábios, que se tornam sábios por amor ao saber, primeiramente, e depois criar modelos mentais e fórmulas para servir ao próximo a fim de elevar a mente e o espírito mais esclarecido, de quem se dispuser a ouvir e a aprender.

Os homens éticos, bem formados, instruídos, filósofos e sábios congregam na mesma medida do sentimento amoroso e a inteligência, buscando a consciência pelo desejo ingênito de compreender o todo e redimir os carentes, guiando-os pela senda luminosa da sabedoria, na medida do possível ensinando meios de saciar as necessidades básicas, de modo mais consciente, pois por essa via custa menos caminhar.

E não é o objetivo de nenhum sábio buscar a sabedoria se não para servir, pois sabe pelo desapego de si mesmo que servir ao próximo a si mesmo servirá e, portanto a Deus igualmente estará  servindo; é isso o que rezam as regras e os códigos dos Manús, (Cristos) como única fórmula de encontrar Deus.

Por isso é que se diz que o manto do sábio é a sua humildade, adquirida pela renúncia; já a porta sagrada de seu templo, são os seus ouvidos; o altar de suas orações é a sua alma, e da essência nela semeada em conhecimento e amor, é que nasce a sua sabedoria exteriorizada em suas mãos para servir; e em seus pés para seguir buscando o novo.

Pratica as suas orações trabalhando na busca incansável do esclarecimento e da iluminação mental, na pura intenção de encontrar o caminho do meio, a fim de esclarecer e indicá-lo ao próximo.

Concentra-se a sua busca na conquista do seu paraíso, onde reina a paz e o silêncio; e quando sob o domínio do silêncio, ouve todas as almas e assim determina o ritmo do seu tempo; mas a sua opção em servir é antes a favor dos mais pobres.

O seu mais belo jardim floresce em seu coração amoroso, e as flores de rara beleza e de raro perfume, são as crianças, como o signo do futuro; e porque ele sabe que o elo que une e desune todas as coisas é a mente universal, à qual exercita e vivifica dando-lhe novos modelos mais perfeitos, mantendo os cânones da justiça universal, pois sabe que ao pensar estará criando.

A seara onde o sábio cultiva os frutos mais raros e saborosos e também semeia as suas humildes sementes, no seio da humanidade, é no espaço onde reverbera o som da sua palavra proferida com sabedoria; por isso com a sua voz alimenta de entusiasmo e benquerença a quem o ouve, e as suas falas só relatam obras dignas de servirem de exemplo.

Justo e profundamente agradecido, reconhece e celebra o terreno já plantado ao longo de muito tempo por outros, mais sábios que ele. E também o sábio rega as boas sementes outrora lançadas à terra por outros grandes sábios, e recompensa está hoje presente nos frutos raros, das grandes conquistas de espírito.

Por isso, são os bons livros para o sábio obras sagradas; e os seus nobres autores em todas as áreas do conhecimento, verdadeiros heróis a quem guarda o mais zeloso respeito.

Com eles, ao seu tempo aprendera as suas artes; e entre todas as artes a mais bela é a arte da paciência, por trazer em si escritas duas supremas legendas: paz e ciência; e depois dessa a arte, o jogo do tempo, por tudo estar contido nele.

Sabe, entretanto, que o tempo não existe; e também sabe que nesta não existência reside a grande metáfora da vida, entre o ser e não o ser...

Amanhã continua esta série de três postagens... 

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