Ao passar por mim o vento leve, duas preciosas dádivas me soprou: a mais
suprema foi ele próprio moderado em brisa fresca, à noite quente, que até me
parecera o suave amanhecer; e a segunda dádiva veio com o perfume de jasmim que
fluía pelo ar e eu agradecido e enlevado o sentia.
Mas de outra feita ao passar por mim soprou um triste lamento ao lembrar-me, de quando andava por aí amuado meio pasmado a cismar. E ainda mais frio de outra feita, com a
sua natural rudez em vez de me distrair e esquecer lembrou-me tenebroso anoitecer,
quando em grande fatalidade levou de mim alguém cuja presença me alegrava tanto,
que esse vento em conluio com o tempo, num passe de mágica transformou em passado
e lhe deu fim.
Hoje, saudade e vazio pelo falta do estado de quietude e daquela que o plasmava, ironicamente a brisa que por ser brisa deveria ser leve e alegre se fez grave
e triste e o levou de minha alma, deixando em seu lugar profunda lacuna e a triste
lembrança enlaçada por muito tênue esperança de ainda recobrar a quietude e
rever quem a gerava; sim, ainda espero! Talvez por isso meio inconsciente vá
sozinho em meu caminho alimentando a esperança de reencontrar o equilíbrio daquele
passado calmo e livre. Sim, pode ser a qualquer momento. Embora em polaridade também
me acompanhe o receio de que o eloquente vento frio vendo-me olhar pra trás, caso olhe para trás, leve mais alguém ou este meio termo de um contentar-me ameno.
No mais e de resto sem a brisa perfumada que passou e ao
olhar ao lado e vendo de perto quem vá a caminhar sorrindo ou a chorar, só não
me surpreende quem vá devido o desgoverno a estender a mão, a pedir um trocado,
a mendigar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário