“Sat-ur-anás” levantou-se do trono em Saturno, e decidiu comandar o seu reino. Quando pisa no acelerador tudo corre; e com as coisas correndo, com elas corre o tempo, corre a vida. E quem não se apressar, antes de viver as delicias daquele magnífico prado verdejante com amplas e largas alamedas povoadas de aves raras e indescritíveis belezas, será soterrado pelo Carro da Lei e quando despertar se despertar verá apenas por pouco tempo e última chance um mísero quintal com umas poucas e mal nutridas galinhas, no seu pequeno e sujo terreiro.
Isto
é muito sério, e não é ele – Sat-ur-anás – tão feio como o pintam! Há até quem
diga ser ele a mais bela estrela do eterno!
Mas
o trono de Saturno encerra duas distintas medidas: uma conta o tempo, outra a
velocidade do movimento. Como são medidas abstratas, não podem ser
interpretadas como fazem os crentes de uma só e limitada fé dogmática, investidos
até de pastores de gravata e pouca leitura ao próprio Sat-ur-anás... Mas se ele
está acima disso e ligado a um planeta com seu comandante, como um destes interpretes
pode falar dele, se não sabe distinguir um planeta de um cometa, sequer um
frango de um peru ou um berro de um solfejo?
Mas
falar mal de Satanás, mesmo que não saiba o que diz ainda se desculpa; porém
falar em nome de Deus é no mínimo uma grande heresia, porém heresia enquanto
sinônimo de burrice e não “diferente”... Pois que eles não sabem nem mesmo o
que seja heresia; e convenhamos, é de fato uma grande asneira, posto não haver os
diferentes para sempre... Evidentemente no sentido etimológico do termo e não usado
pelas crenças.
Mas
deixemos estes por ora por fora, que aquele misterioso personagem tem um mérito
inegável: direta ou indiretamente obriga a olhar o outro, nem que seja pelo
terror devido ter-nos concedido a nossa individualidade! Pena que ainda muitos,
apesar disso mal sejam indivíduos e não vejam o semelhante sem que nele
projetem o seu inimigo; ou na melhor das hipóteses, caso não pertença à mesma
seita, um ninguém.
E
isto é fruto de muitos distúrbios e disfunções da personalidade, que juntamente
com o fanatismo da ignorância não permite se reconheça o outro como igual,
salvo houver extrema necessidade e se precise de um aliado ou de um simples
favor...
Obstáculos e desconfianças geram sempre
muitas barreiras que precisam ser vencidas. E ao longo da história os grandes
confrontos que resultaram em grandes guerras, originaram-se desses pequenos
confrontos com o próximo, numa crescente onda de intolerância.
Assim como os movimentos coletivos em
prol de uma causa benemérita seja o resultado de um despertar lá nas
profundezas de um ingênito sentimento solidário, ou talvez um pequeno reflexo
do amor universal ainda meio sepultado pelo egoísmo; mas que, ainda e apesar de
tudo, resiste e sobrevive.
Ainda
assim Satanás precisa ser mais bem esclarecido... Evidentemente fora dessa
questão bem e mal muito distante e bem além desse julgamento que dele fazem os
pastoreados de todas as crenças temerosos de um algoz, que eles próprios
criaram...
Todavia
Satanás há muito levantou do seu trono em Saturno e hoje está completamente
redimido, mas a sua expressão negativa está agora com quem o criara, até para do
uso dessa imagem obter vantagens, e enquanto vão alimentando essa imagem vai adquirindo
corpo pelas constantes formas pensamento; e está neste momento em alguma igreja
“mundial” “universal” ou episcopal do evangelho do terceiro, primeiro ou décimo
do dia de qualquer coisa, que deveria caso obedecesse alguma ordem coerente ser
quarta, por se estar na terra. E só por isso e não por outro motivo é que
deveria ser quatro, onde o cinco é o grande gerador do movimento. (???)
Mas
enfim, possuindo muitos personagens, inclusive Satanás que afugenta os crentes
temerosos obrigando-os a se esconderem atrás de uma cruz na qual crucificaram o
seu irmão, a quem tomaram naquele momento por ele e hoje chamam de Jesus. Mas
isto fica para depois da contenda final, se o permitir o Quinto! (...)
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