O nível intermediário entre a vontade e o
desejo, é determinado por uma plataforma concreta com um furo ao centro: enfiando-se
os pés por aquele furo encontra-se água morna, momentaneamente agradável.
É esta a fonte dos desejos de onde há milhões
e milhões de anos bebemos, ainda que muitas vezes enfiando-se os pés nela; e
como nossos pés nem sempre estejam limpos, sobra o barro, que ao longo destes
anos todos, acabou se juntando e criou esta plataforma furada no centro,
através do qual se olhando para o alto e no mesmo instante juntando as mãos
elevando-as ao céu em preces calejadas e
mãos honradas surgirá um botão mágico, em frente, bem acima da cabeça; ato
contínuo apertando-o, “faz-se a luz”, imediatamente surgindo luzeiros menores, que
são os chamados filhos da vontade.
Existem outros dois botões laterais: um misto
de magia e paixão situada à esquerda, responde pelo aspecto personalíssimo,
porque são a paixão e a magia juntas as mães da ilusão; e uma vez criada, a
inércia que dela decorre se encarrega também de mantê-la por mais tempo, gerando
no seu núcleo um amontoado de emoções que numa reunião de desocupados sentimentos,
dão início a uma futura personalidade humana rebelde sem causa e de esquerdistas
sem rumo.
Essa personalidade filha também daquilo que
ora atende ao desespero, à crença, tanto atende ao ilícito e faz promessas vãs,
quanto ocioso não faz nada e acusa quem faz. Mas, de qualquer modo serve de
ponte intermediária entre a crença e a vontade (que representa o segundo
botão). A crença constitui-se ou estatua-se como fé primária e cega. Mas entenda-se
a fé real como (precursora) da vontade, inicialmente pré-vontade, início temporal
que ocupa um espaço no caminho, e as tolices são as pedras dos muitos caminhos,
porque dizem que todos levam até Deus, mas para Deus só há um caminho. E então,
se existe só um, é nele que vamos inventando outros caminhos, descobrindo
fórmulas, construindo moradas no céu, hospitais para as almas doentes,
entretanto é nesse único soprar perene do oceano sem praias onde somos grãos a
rolar e aprendemos algo enquanto temos cérebro. Depois só ilusão dentro da
grande ilusão.
Há um caminho único, ao invés de caminhos vários,
que seriam se os houvesse, na verdade, escadas através de cujos degraus
alcançássemos o grau superior da suprema vontade, concentrada no botão da direita
- capaz de transformar os fracos nos fortes, em ricos os pobres. Porém essas
virtudes do homem nem sempre se convertem em virtudes de espírito, para que aí
sim, de pequenos em grandes e de ignorantes em sábios se façam, para reinarem
entre os que só parecem, só aparentam sendo na verdade personagens, pessoas,
personalidades que nem são boas nem más, mas não ousam ascender das chamas qual
a madeira ascende em combustão à luz.
Aqueles, os que vencem, são os filhos de si
mesmo, não há dúvida, mas porque também respeitam todos os filhos são irmãos, pais,
mães... Entenda-se muito bem isto, ingressando nas fileiras dos filhos da
vontade, da suprema vontade, esta será a fagulha divina, única e real oculta no
interior de todos os homens; e de algum modo, de todas as formas de vida sem
deixar escapar nem que seja apenas uma pequenina formiga movida pelo instinto,
indo... Este ir é a vontade intrínseca no inseto, como a vontade superior é o
motor no homem maior, no lugar da antiga e primária fé, e que primordialmente é
o reflexo, da Suprema Vontade do Criador, aquela Vontade que de maneira
equivocada chamam de verbo, sem, todavia deixar de o ser, mas não como sinônimo
de palavra e futura carne... Vontade e Ação, sim, eis o Verbo!
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