segunda-feira, 26 de maio de 2014

O ESTADISTA E O CANÁRIO




- O que poderia ser aquele passarinho a cantar como um canário, mas não era um canário? Possuía cores de canário, penas e corpo de canário, mas não era canário? Voava como um canário, mas não era canário?

Assim perguntava um dos três senhores em torno de uma mesa quadrada, quando leses me aproximei. Esse que perguntava aparentava ser o mais novo dentre eles, e o único que não usava óculos.

- Poderia ser uma fêmea, uma canária? Perguntou o segundo, um senhor de cabelo grisalho e de cor negra, que usava óculos de armação de metal amarelo. E depois de uma breve discussão, chegara-se à conclusão e ficara mesmo acordado entre os três tratar-se realmente não de um canário, mas de uma canária.
- Tivera tal sorte um povo e em vez de um falso e mero simulacro estadista elegesse até uma canária! Disse o mais jovem rindo.

- Tem razão, não teríamos o infortúnio de em vez de um estadista que pensasse e tivesse nobreza de caráter e educação, tivéssemos este simulacro de estadista completamente obtuso dos sentidos, a quem falta até mental primário, que dirá um estado de ser inteligente! Disse o senhor de cabelo grisalho, e pele escura.

- Bem, este símile foi construído artificialmente por frustrados intelectuais, e revestiram-no de mito messiânico! Mas, todavia a semelhança com um verdadeiro estadista se resume à espécie humana – do gênero masculino – contundente no timbre da voz grave causado pela bebida, demasiadamente inculto e sem qualquer conceito de moral – aí o estado paga o pato. E como não é o pato de Pequim - de meus ancestrais -, é o povo quem deixa de comer não só o pato, mas até o frango, e às vezes até o pão. Mas paga a farra, pois o Estado enquanto entidade abstrata não arcará com os ônus nem quem nele está agora! Como os ônus são em espécie, quem com eles arcará seremos nós, por não ser abstrato na metáfora aquele pato e ser de fato a conta muito alta, e remontar a bilhões de patos anuais e diariamente as carradas patos e mais patos se desviam.

Dizia o terceiro senhor, alto e magro de cor amarela, descendente de chineses e usando óculos de lentes muito grossas, na frente de seus olhos orientais, meio fechados.   

- Em se tratando de ônus em espécie com que se fará frente às despesas que serão aumentadas pela inépcia do falso estadista e sua turma, recorrer-se-á à velha fórmula da incompetência – com o histórico aumento da carga tributária. Afinal, talento para fazer muito com pouco é exercício para os verdadeiros estadistas e artistas de bom calibre. E soberanos homens maiores. Mas estranhamente são eles sempre preteridos no terceiro mundo, concorrendo contra estelionatos eleitorais, para que sejam eleitos os ineptos pela maioria; há de se questionar esta maioria pelo valor intelectual do voto, que aí o numero de votos será de valor relativo e absolutamente injusto, porque não é justo que um voto de um inconsequente, que ainda não pensa por si e acredita em mitos e beba a alma e o juízo, valha tanto quanto o de um eleitor responsável, e politicamente esclarecido. Assim falava novamente o primeiro senhor, de aparência mais jovem.

- Ó bela canária, que passas por canário! Quem dera uma nação cometesse o ledo engano de em vez de um molusco elegesse um estadista! Em último e derradeiro infortúnio, quão mais vantajoso fora eleger uma canária ao invés de um inepto proletário! Pois quando ocorrem estes raros, mas gravíssimos equívocos, décadas adiante ainda se podem sentir seus efeitos negativos que agora são camuflados! Não só pelos estragos na economia, na cultura, mas principalmente pelos os maus exemplos à juventude, que terão de viver com o fato histórico de num momento de insanidade terem mergulhado a pátria numa verdadeira mediocridade geral, ao elegerem um inepto corrupto e mentiroso simulacro de estadista, cujo resultado final dará um estado onde não mais se distinguirá o certo do errado. E essa página escrita com rabiscos e garranchos ninguém poderá apagar; e mesmo que durante esse desgoverno passe despercebido, a razão, se é que tem alguma, está em seguir as metas e as trilhas estabelecidas por governos anteriores, vociferando impropérios tentando desmerecer quem realmente tem mérito e o antecedeu. Melancolicamente e com ar de profunda decepção ante o ato consumado, assim falava o senhor de cor negra.


- Mas a canária é mesmo muito semelhante ao canário e canta igualmente como o canário... Não é o caso do falso estadista, que sequer bem fala! Que dirá cantar! Finalizou o senhor filho da velha China. Enquanto o mais jovem no primeiro momento ria, para depois copiosamente chorar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário