quarta-feira, 21 de maio de 2014

ESTAR

 


Mas porque será que no fundo do meu poço nem o vento quis soprar? Não há no fundo do meu poço frio calor nem luz, nada em que por medo ou covardia eu possa me agarrar, aí onde qualquer ilusão já não me seduz!


Através dos pensamentos emocionais, essas sensações vagas e incertas ou da razão delirantemente senhora da verdade que se julga o máximo? Em qualquer hipótese não há mais do que nada no fundo de meu poço e um eterno escuro umedecido e tedioso.

A consciência mínima, nos limites perceptíveis dos sentidos em estágio primário, no fundo do meu poço é um pensamento fixo, só há um traço inteligível. Mas mantém a ideia de que lá no alto, atrás da serra à noite mora o sol.

Mas se no fundo do meu poço boa ou má sorte, bem ou mal não fazem qualquer diferença, é porque tudo não é nada e o sol à frente ou atrás da serra que diferença fará à noite ou ao dia, no fundo do meu perceber?

Não é nada a serra antes nem depois do sol aqui no fundo do meu poço, nem há antes nem depois ou após qualquer conforto desconfortável! 

Nada aqui me impede vá ou fique nem pesado ou leve pesa, nada aqui me prende ou solta, nada aqui me diz nem cala!

Âncora ou asa que segure ou eleve, nada que sopese além do vago estar, sem ser vazio ou cheio que vá ou fique onde está.

No fundo do meu poço nada há que impeça de no fundo, bem no fundo aqui ficar. Pois é aqui qualquer tudo de um nada sem lugar, estado de um mero existir sem estar nem ir, um momento apenas de não chegar nem partir nem ficar, aqui onde nem nenhum lugar.

E por que aqui é assim? É porque assim eu quero e assim o creio; e é assim por não ser estado um lugar vazio nem cheio... Mas não é um patético fundo do poço, aonde vim ficar ou me esconder! É um vazio necessário para não ser nada antes nem depois; assim num rebelde desprezar conhecidas e desconhecidas possibilidades de qualquer modelo experimentado.

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