Ainda
temos sol ameno. Ainda. Por enquanto. E apesar de trágico, muito trágico mesmo foi
revelado o retrato em preto e branco completamente enfumaçado; e já não fará
diferença se o efeito estufa aumentar ou diminuir a temperatura da terra, só para
denunciar os culpados ou alguém faturar bilhões.
A
culpa muito claramente estampada no retrato revela alguns homens tentando esconder
as suas mãos sujas. Esses não as lavam nem mesmo antes das refeições!
Esperar
que lavassem os pés para entrar no templo, ou a boca para falarem de Deus exigir-se-ia
muito de quem não possui civilidade sequer para entrar numa estrebaria sem
agredir e até sujar os animais.
Desgraçadamente,
esses desconhecem os mais primários princípios de cidadania e o sagrado direito
do outro. Embora “vestindo” roupas de corte clássico, caríssimas!
Como então imaginar que pudessem
lavar a alma, onde reside o embrião da futura consciência? Se ainda não têm uma
alma pessoal com genes dos padrões universais, onde se assentará a decência? Seria
o mesmo que esperar de alguém que perdera as duas pernas num trágico acidente ganhasse
uma prova de atletismo, competindo com um perfeito atleta olímpico!
Ou então exigir que um cego visse
e dissesse com certeza qual a cor que lhe fosse apresentada! Ou então que um
surdo ouvisse, ou ainda que um burro falasse! Ou até que um ladrão não roubasse!
Mas felizmente ainda assim o
mutilado das pernas corre; o cego até vê; e também o surdo ouve! Ainda bem! Mas
infelizmente também o ladrão rouba como nunca em todas as instancias lá do alto.
E o maior ladrão é mesmo o mais ao alto de poder! Seria a extrema pobreza de
espírito a marca desses larápios?
Apesar deles ainda o sol por muito
tempo há de brilhar por sobre a Terra, e ainda pela frente terá bilhões de anos
para brilhar e alimentar de vida o seu sistema inteiro.
Não obstante (grandes homens)
instalados em luxuosos escritórios aufiram grandes lucros rindo muito, sequer desconfiando
que não lucrem o suficiente para aplacar a fúria das tempestades. Tempestades
físicas, naturalmente, que as de alma não as sentem, pois muitos nem alma ainda
têm! Mas quando vierem tais tempestades a seus palácios com quanto contiverem dentro
arrastarão ladeira abaixo... Lamentando-se as crianças se as tiverem, e os
animais de estimação, caso os tenham.
Pois aí
os “grandes lucros”, sejam em papel moeda seja em ouro, ainda que o ouro não
seja culpado pelo caráter de quem o adquira. E será sempre completamente incorruptível!
Sim, ouro incorruptível, uma qualidade impossível de ser encontrada nesses corruptos;
e ainda que ao ouro derreta o fogo, não corromperá a sua nobre unidade
molecular aurífera! Nem quando roubado do tesouro nacional perde a majestade de
metal nobre!
Coisa que
não ocorre com a consciência de quem às carradas e em detrimento do pão da
maioria do povo o guarda nos cofres ocultos. Devido isso e a falta de
consciência que ainda não possuam, guardam e escondem quanto podem, inclusive a
sua verdadeira face tampando os olhos e alegando não verem, nem saberem de nada.
Embora vã
seja a sua tentativa, já que todo mundo o conhece pelo nome e apelido meta a
sua cara todos os dias na mídia a rosnar grosso e blasfemando contra todos que
sejam honestos e diferentes dele. Mas felizmente, por outro lado, o ouro do
reino está muito longe do alcance de suas mãos sujas!
E só o ouro do reino tem real valor. Mas nem imaginam
esse “homem” o que seja o ouro do reino! E embora o sol brilhe também para ele,
o fogo a seus lucros reduzirá no final à fumaça preta. E a um cheiro de
plástico queimado horrível há de ele e seus comparsas de aspirar, em vez de
caríssimo e raro perfume importado. Muitos, sem ainda distinguirem um raro
perfume do cheiro horrível da fumaça monetária, que deveras a tantas substâncias
preciosas queima!
Todavia,
ainda não vai totalmente o ontem nem o amanhã no hoje, passando já em pó a
correr por agora. Pois, se agora fosse ontem e o amanhã já, tempo haveria de um
poder estar e ser o outro, tanto antes quanto depois... Mas como este fenômeno provocasse
a ruptura à unidade cósmica e o universo caísse, a pergunta é: onde cairia o
universo, e em que chão se estatelaria?
Ah, se todas as madrugadas fossem
a alta noite e a noite entrando pálida fosse amanhecendo todas as madrugadas! Mas
não! Horas vagas feitas de minutos hipotéticos em segundos grãos de areia são
frações longínquas de um espaço irreal, que haveríamos de ter em um futuro
incerto e vago no tempo, a negar as substâncias com as quais se fazem sonhos, flores
e universos, com todos os seres com temperatura e pressão sanguínea ideal
dentro desses universos, para ao final, “reais e irreais” ao mesmo tempo serem
e não serem.
Não. Os efeitos simbólicos do tempo de ontem
não se fundem com o tempo de um impreciso amanhã, ignorando e passando por cima
dos efeitos gerados no agora, ainda que também passageiros frutos da ilusão do
momento.
E quanto a nós, não estamos no
lugar certo de se estar? E que lugar é este, que seja possível garantir
estar-se nele? E quem está, é quem ou quê, neste lugar? E em que estado é? E o
que seria qualquer coisa alguém, dentro desse não ser permanente a ser aqui
agora quase um nada?
Onde
tudo é relativo e de fato tudo é relativo, também relativa há de ser qualquer
hipótese de ser e de estar aqui dentro ou fora de ontem e de agora, tanto no
tempo quanto no espaço eu e qualquer coisa.
Mesmo que o tato informe o
centro de consciência sobre as formas que toca, ou os olhos o que vêem, e até
mesmo o som que os ouvidos ouvem... O que é isso?
Enfim, nada é real se o deixar de ser um
dia. E deixar de ser é o ato ou o feito perfeito e verdadeiro de extinguirem-se
todas as coisas na impermanência da transformação... “E não é que ao longo do
tempo todas as coisas se extinguem! até os sonhos, as flores e os universos com
tudo dentro? Nesse dito ato perfeito da permanente insubstância das coisas
reais?”
E o que por trás do irreal é possível
conceber e valha a pena existir, é deveras real e existe? Se nem mesmo o sol,
se nem mesmo o céu, se nem mesmo o universo, se nem mesmo Deus tal como o
definem os homens da falsa fé, e até aquele que o filósofo diz ter matado é
real? O que então, por trás de tudo, é real?
Ninguém responda se não quiser correr
o risco de mentir; mesmo que fundamente seus enunciados na mais alta e última
descoberta da física quântica, e durem até séculos essas suas descobertas, ou as
redescobertas fórmulas nas mais sagradas escrituras recém desvendadas! Mas quem
responder “nada” de tudo que já é conhecido e tenha uma forma qualquer, sim, este
não erra e não poderá ser chamado de mentiroso e não dirá, por isso, inverdades!
Portanto, pastores
e padres, bispos e pregadores, deputados e senadores, presidentes, prefeitos e
vereadores, calai-vos! Se vossas palavras pretenderem mais que uma crença, mais
que uma promessa vã enunciar! E se ainda assim do alto de vossa arrogância
quiserdes falar em nome de Deus, ou com vossa demagogia anunciar que pretendeis
saldar a fome do mundo, por gentileza, não o façais às crianças!
Ainda mentalmente puras
indubitavelmente seriam profanadas por vossas inverdades e falsas promessas, quanto
a desvendar a real existência daquilo que por trás de tudo se encontra!
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