quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Dúvidas quanto à origem das borboletas

Dúvidas quanto à origem das borboletas

Triste e desanimado pensei-me até vitima; mas refeito, mais calmo e ouvindo Haendel, ocorreu-me perguntar: de quem seria vitima? Do mundo? De minha mãe que amando, apenas amando sem saber que eu viria, gerou-me? De meu pai, que sequer sabia que eu andava em si e no ventre de minha mãe lançou-me? Ou de mim mesmo, que deveria ter “crescido” e não “cresci”? Da civilização humana que tinha obrigação de dar-me instrumentos de construção da felicidade e não deu? De quem sou, afinal, vitima?

Certamente não serei eu mais vítima do mundo do que outro cidadão rico ou pobre, mortal ou “imortal” que por aqui vá envolvido em sentimentos de prazer ou de agonia e se sinta feliz ou infeliz. (Mas como alguém seria absolutamente feliz com os elementos que recebe e sustentam o mundo)?

Pensei-me vítima de muitas outras coisas, mas diante dos acordes da música sublime de quem sabe o que faz com as notas e escreve melodias dentro de um ritmo absolutamente equilibrado de uma harmonia maravilhosa, não sou vítima de mais nada! Embora me sinta pequeno... Mais do que antes!

A vida - parece-me agora - é realmente um drama ante a incógnita e o incerto. E não me venham com fórmulas psicológicas, ritos mágicos, meditações transcendentais e muito menos crendices dogmáticas, que a vida sempre será heróica e com absoluta dramaturgia “vítima” apenas do desconhecido e do novo. Pois só o escuro do amanhã gera preconceitos e ignorâncias, medos e sofrimentos infundados; ou fundados, mas onde e por quê?

Só mesmo no véu negro da noite do futuro onde a mais bela e legitima esperança é sonho amedrontado, apenas sonho quando não é pesadelo astral. Diferente dos códigos mais ou menos racionais, em que uma minúscula borboleta é uma minúscula borboleta, mas o que é uma minúscula borboleta?
        
Efêmera em Portugal, mas não deixa de ser efêmera e frágil também no Brasil a frágil borboleta.

Pensei-me vítima e realmente sou um pouco, mas só de minha mente em conflitos e de minha emoção fora do eixo, porque entre tudo que rodeia e forma o saber universal a meu dispor, não sei o que é um ser real. Mas já agora, o que é afinal um ser real?

Diante de todas as dúvidas, como certificado de todas as certezas o que realmente pode ser verdadeiro e permanente com provas definitivas? A incógnita, que no fim é uma hipótese é o mais próximo que se pode chegar de uma possibilidade. Mas que, por ser apenas possibilidade nos desafia e obriga a caminhar.

E com razão, pois diante das circunstâncias inevitáveis com as quais nos deparamos, haverá sempre algum motivo para sentirmo-nos vítimas. Sim, todos nós somos vítimas de todas as dúvidas e de nenhuma certeza. Exceto, repetindo: “a mera hipótese da vida, mas a certeza absoluta da morte”. Mas o que é que vive se depois morre? Mas, afinal, o que é morte e o viverá depois dela?

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