De
que adianta sonhar, se ainda há quem derrube o seu teto, que é de palha natural
colhida durante uma tarde de outono e arde?
Até
a cidade de ferro com gigantescas escadas está em chamas! Ainda muitos
parasitos vagam pelas ruas, muitos baderneiros juntos à custa de uns poucos que
nessa hora trabalham e pagam as contas da baderna, dos baderneiros e dos
políticos de Brasília.
Mas
ainda há o sonhar na imaginação de quem ao alto do esgoto onde essa gente
vagueia, sonha!
Ah,
a arte do exercício da palavra, ah essa arte desaforada que explode num verso e
numa palavra, ladrões!
Querias
tu, vilão, querias tu vilania cruel exuir-me de meu sonho, mas não podes, tu
não podes exuir o meu sonhar que é segredo, e só de vez em quando lhe revelo o
tema, e esse está insistentemente a repetir o tema do: ladrão!
Mas
como transcender ao tema, se ainda tudo se rouba comandado por Brasília, depois
que por lá andou um monstro marinho, com tentáculos, e diz a lenda ter se
evadido das profundezas do mar?
De
que adianta o sonhar? Que conversa é essa! Pensais desaforadamente e sem
esperança que esse molusco envolto em fezes poderia tolher o sonho?
Não!
Se muito esse tumor crescer convertendo-se noutro, só em rato contaminado, já
que nem morcego poderá ser por não poder voar!
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