sexta-feira, 14 de junho de 2013

SONHAR

De que adianta sonhar, se ainda há quem derrube o seu teto, que é de palha natural colhida durante uma tarde de outono e arde?

Até a cidade de ferro com gigantescas escadas está em chamas! Ainda muitos parasitos vagam pelas ruas, muitos baderneiros juntos à custa de uns poucos que nessa hora trabalham e pagam as contas da baderna, dos baderneiros e dos políticos de Brasília. 

Mas ainda há o sonhar na imaginação de quem ao alto do esgoto onde essa gente vagueia, sonha!

Ah, a arte do exercício da palavra, ah essa arte desaforada que explode num verso e numa palavra, ladrões!

Querias tu, vilão, querias tu vilania cruel exuir-me de meu sonho, mas não podes, tu não podes exuir o meu sonhar que é segredo, e só de vez em quando lhe revelo o tema, e esse está insistentemente a repetir o tema do: ladrão!

Mas como transcender ao tema, se ainda tudo se rouba comandado por Brasília, depois que por lá andou um monstro marinho, com tentáculos, e diz a lenda ter se evadido das profundezas do mar?

De que adianta o sonhar? Que conversa é essa! Pensais desaforadamente e sem esperança que esse molusco envolto em fezes poderia tolher o sonho?

Não! Se muito esse tumor crescer convertendo-se noutro, só em rato contaminado, já que nem morcego poderá ser por não poder voar! 


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