Ao longe vai o último barco a desaparecer no horizonte, e vê-se agora apenas um pontinho escuro, sumindo na linha que
separa o céu da terra.
E ao meu cansaço assola o calor e a falta do que jorra na fonte e não mata a minha sede, que até à boca seca traz amarga.
Água fresca líquida nem abstrata não
descem do céu nem do monte neste estar sem estar no tempo e no espaço em
qualquer lugar.
Mas nem com tamanhas faltas ao quadrado há motivos para chorar! Nem que do que rir... rir pra quê ou por quem chorar?
É, dizem que o poeta se alimenta de
tédio e desassossego, senão não seria poeta, mas eu não sou poeta e então o
tédio e o desassossego pra quê?
Já profundas e altas portas se erguem
ante o horizonte além tempo, e sem espaço se abrem portais desdenhando das
portas.
Mas também já agora não se alongue por demais
esta prosa, que em verso ficaria muito verso do lado de fora das portas, desdenhadas pelos portais...
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