terça-feira, 4 de junho de 2013

A CIDADE PERDIDA é na verdade inacabada

                  
Já distante no tempo e de remota idade para uma vida humana, a minha cidade ainda inacabada já gastou as iniciais reservas de energia e substâncias reservadas à juventude.

Com elas poderia terminar a demarcação física definitiva do projeto, mas por não poder fincar no chão permanente a minha original cruz de sustentação, é que parece ter havido falhas em algum momento devido à mobilidade.

Dei-lhe inicio, de algum modo demarquei as bases pelas minhas pessoais escolhas, mas não terminei a ideia original cidadã nem a dotei com a herança sanguínea das características regionais de minha aldeia, com o alimento físico e cultural de cada época e local.

Mesmo que se trate de uma obra com principio universal, meios e finalidade para servir deveras a elevada finalidade, sofreu desvios de curso e deixou de ser o que seria. (Nunca soube o que seria!)

A cidade que mal edifiquei e ficou sem a raiz pátria logo no inicio devido uma viagem para longe que tive de fazer, assinalei-a com o que seria possível, mas não com total originalidade, pois recebeu alimento e instruções de noutro real endereço.

Apesar de fracas as suas fundações, porque fossem os materiais modestos, dotei-a das mais modernas instalações, e os seus propósitos são de fato muito honestos.

Nunca pensei, apesar de refinado sonhador fazê-la de sonho, que às vezes o sonho vira pesadelo e é preciso evitá-lo!

Nem quero a minha cidade desfigurada de gênero nem do espanto para não causar surpresa; embora nela exista o natural segredo e o indecifrável mistério do individuo.

Mesmo não a tendo acabado com os valores aldeões onde nasceu nem represente um belo exemplo de arte, a minha inacabada cidade sujeita ao tempo também não tem luxo, mas guarda o meu mais elevado enlevo.
Ainda que inacabada e seja destinada a pacificar, jamais através do método dogmático nem do credo de nenhuma ordem.

E apesar de não ser luxuosa, em homenagem à vida em todas as suas formas vai a consagrá-la, celebrando com modéstia o saber e o amor.

Poucos recursos, que muitos não os há, mas é com o que de melhor a vida tem de humano que ela vai se equipando de metafísicos elementos.

A minha cidade é caiada em tom carmesim, rosado por fora que lhe serve de véu; sustentada por uma central vertical de onde partem conexões para todos os terminais e órgãos internos, é também dotada de um rio com muitos regatos que abastecem os terminais.

Felizmente ainda nela não se instalou nenhum banco nem financeira estranha que explore o trabalho, (não é a sua natureza), mas com o desvio do mundo até aí a perdição pode gerar anomalias mercantilistas entre os pequeninos.

Apesar de não ser grande, tem a minha cidade uma floresta de muito rica fauna; e ao homem triste que por ela passa um sorriso lhe presta, aos feridos socorre e aos tristes, quando possível acalenta.

Ah, alguém pergunta o que é a minha cidade? Ora é a minha cidade! Mas não é exatamente uma metrópole com a marca da coisa pública!

E apesar de inacabada naquela etapa inicial onde teria nascido, está já com o tamanho definitivo, devido o seu tempo de vida!

Mas quando me ausento dela em devaneios ou quando adormeço vôo pelo mundo astral, quanta perda de tempo eu sinto que perco! Melhor o poderia empregar já com a compreensão relativa que tenho da existência, pois é este o meu pessoal projeto que herdei da terra para com ele servir ao Eterno.

Externamente expressa a legítima persona de um comum cidadão, mas, por isso mesmo assisto chorando perder-se em mentiras e desmandos a nossa rica e pobre nação!

Ainda não sabem o que é nem onde está e para quer serve a minha cidade?


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