terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

TEMPO


TEMPO FRACIONADO

(Homenagem à juventude e a um amigo que nela descobriu o tempo e criou relógios)

Mas se o vendedor de relógios vendendo-os ficou rico, e porque na essência das coisas vende frações do tempo e o relógio apenas mede, porque também não hei de eu ficar milionário, se conheço bem o tempo com o qual o relógio mecanicamente o faz pulsar? Em segundos, minutos, e às vezes horas e até meses e anos, mas em dias fingidos, vai o tempo medido e contado. Pesado jamais, que se não deixa o tempo pesar!

Ilusório, sim é ilusório, mas à arte nem a balança permite ao tempo que se lhe faça sequer metáfora em peso, ainda que medido, mentido e contado. Mas também a história o foi e será, passou e sempre passará mentindo, embora quem minta é quem a conta!

Quando ilusória, nem sempre conviria fosse escrita essa história, tal como relógios que ao falso tempo contam! Mesmo quando eram contadas através de canetas, depois máquinas digitadoras, mas em palavras sempre e às vezes falsas em sentenças de conteúdo oco, relógios de sol... sem essência como o tempo, histórias e relógios quem os tenha por patronos, se torna deles escravo...

Pois, ao fim, palavras, meras palavras, horas minutos e segundos exigem códigos e senhas necessários para todos os que pretendem conhecer as palavras; e depois, se possível, apesar das senhas e dos códigos, é imperioso, desgraçadamente corrompê-las. Há, entretanto algumas raras palavras que depois de escritas ganham nobreza de estrelas, e se eternizam como palavras de ouro. Descobri-las no meio ilícito do tempo de relógios e de falas corruptas e tantas outras quimeras e aberrações que abundam por aí, constitui-se no grande segredo do pesquisador honesto, que precisa hoje ser um autêntico arqueólogo.

E é dentro do oco do tempo onde reverbera a luz daquelas palavras estrelas, que deve procurá-las, porque aí o silêncio impera e não desperta a cobiça do oportunista da palavra rara, que a fará de instrumento de barganha deturpando-a à semelhança e interesse do seu patrocinador estatal, ou do ajuntamento de escórias políticas com interesses escusos, escuros e subterrâneos

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