sábado, 9 de fevereiro de 2013

O CARMA DA PALAVRA



GRÃO DE AREIA
Como definir o indefinível se de todas as coisas desde a menor partícula à mais distante galáxia,o que sabemos sobre a sua natureza não vai muito além de aspectos estruturais de seus elementos, de composição química, de grãos de areia?

E desse grão de areia, por exemplo, o que sabemos de sua memória da mãe rocha ou da própria montanha gravado em qualquer de seus elétrons? Ou de qual lajedo se desprendera, de modo que a ciência possa afirmar a sua real origem geológica?

Ou num processo global da sua formação orgânica, determinar qual a distância em quilômetros percorridos, até ali chegar?

Graças à ciência milenar que até aqui tem vindo meio oculta inspirando a moderna, muita informação já se adquiriu, mas pouco ou nada sabemos de como tudo começou.

A natureza material, indiretamente denuncia os cientistas menos sérios e revela até alguns extremamente envaidecidos, embora meramente teóricos.

E para esses, a divindade ou a energia primordial que por trás de todas as coisas se encontra, não há de chegar para fazer-lhes sombra.

Em alguns casos, nem se trata de grandes cientistas, porque muitos não passam de simples doutores com ou sem doutorado.

E ainda que várias teses tivessem defendido, nenhuma há que justifique tanto ênfase na vangloria afirmada com galhardia de não acreditarem em Deus nenhum.

E não teria qualquer problema, a sua descrença, se dela não fizessem uma espécie de escada com estranhos degraus.

O material usado na construção de tais escadas e degraus poderia muito bem ser usado em coisas mais úteis, mas eles preferem plataformas elevadas e do alto delas sobem ao topo da fama. E que fama, os seduz!

Por isso galerias infindáveis lotam as grandes, médias e pequenas livrarias, bancas de jornal, supermercados e até algumas farmácias de livros inúteis.

E o mais grave é que, esses livros fazem sombra aos preciosos tesouros escritos nas mais variadas línguas. Destas raras jóias, entretanto, em nenhuma delas seu autor atrever-se-á a qualquer elemento em definitivo qualificar, razão pela qual se diz que essas grandes obras não ensinam nada.

Ainda que façam luz pelos caminhos tão claramente, que seja possível ver as benditas pegadas de alguém que nunca por ali andou...

Muito diferentes das mãos impuras que escrevem sucessos de venda e de público, que sem dizerem nada ensinam a arte da traição e do dolo.

Mas quando eles resolvem falar em termos claros, a morte ronda; quando não a de algum preceito moral que ainda os mais humildes conservam, alguma virtude inabalável abalar-se-á, se não inclinar à morte com o sangue a jorrar pelo chão; seja o sangue propriamente dito, seja o fluido moral de uma alma que decai. 

Entretanto, como em nome da arte tudo é permitido, também em seu nome pelo mau exercício algum ente querido poderá vir a ser ceifado ou antecipadamente chegar aqui pelas vias uterinas com alguma mutilação congênita, como filho ou filha de algum autor novelístico.

Isto quando os próprios autores - os reais protagonistas - já não vêm com suas incuráveis feridas na alma, que expõem como as suas mazelas psíquicas em suas dramaturgias, expondo-as no lugar das virtudes, que talvez lhes faltem.

Naturalmente digo isto em termos de análise global, hoje possível graças á virtualidade, sem no mérito este ou aquele autor ou autora nominalmente aqui entrar no foco.

E também sem a pretensão de querer definir qualquer coisa, seja de que natureza for; ainda que o enredo gire em torno de um grão de areia!

Mas um grão de areia e não precisa ser de uma areia especial vale muito mais que alguns sucessos aos quais não vale a pena ver de novo, e muitos vêm!

As profecias do Rei do Mundo, relatadas no CODEX TROANO lidas hoje através de uma imagem virtual, guardam muita semelhança com as personagens modernas, vestidas a caráter com luxo, malícia e encenadas num ambiente de prosperidade completamente oposto às pessoas reais, que vivem em condições miseráveis em guetos e favelas.

Entretanto, influenciadas pela tal arte sofrem algum tipo de inconformismo.  E incitados com a ficção, essa suposta arte lhes inspira e abre a ideia do caminho mais fácil, inclusive pela via do crime tão bem encenado na ARTE!

E então entra na história o grão de areia como mensageiro dos deuses, e com o grão de areia haveremos de nos ocupar pela sua importância no presente assunto e na esperança de um deles bem rijo, de cristal enfiado oportunamente numa empada quebrar o dente de um desses semeadores de histórias macabras, (comprovando a teoria ocultista de que, quem fala o que não deve a milhões de pessoas, na melhor das hipóteses poderá perder um dente, quebrado por um providencial grão de areia)...

Certamente alguns autores já perderam coisas muito mais preciosas, todavia a presença inesperada do grão de areia enfiado indevidamente numa apetitosa empadinha de camarão, ah que fará justiça quebrando um dos 32 portais do conhecimento!

Antes de ser mastigada, essa cheirosa empadinha na mão posando de estrela, torna-se uma celebridade do grande criador de personagens, lhe concede ar de rainha segurando-a na mão esquerda, enquanto com a direita eleva ao alto a taça de champanhe.

Cumprido o rito e a pompa na festa de lançamento da nova peça, chega o grande momento, e que beleza! A estrela breve, a empadinha traiçoeira ocultando o vingador grão de areia atrevido, de repente Urra!!! Quebra-lhe o dente!

Em gesto repentino e involuntário o celebre autor leva a mão à boca, abafando um urro causado pela dor... Mal desconfiando que espalhar ao vento heresias e vitupérios, um dos trinta e dois portais do conhecimento se torna maldito e quebra-se, fechando abruptamente o portal da voz que não é e nunca foi bendita.

Claro que o melhor seria aquele arauto se calar para sempre, juntamente com os restantes trinta e um dentes, se ainda os tiver a todos!

E na festa de lançamento da próxima novela das oito, sete ou seis, a grande cena reservar-se-ia ao grão de areia e à empadinha de camarão, para os profissionais da imprensa que aí se encontravam e nem perceberam o drama. Louvemos o tempo em que a arte continha elementos divinos e estimulantes da inteligência!

Hoje há de lamentar-se do conteúdo “aliciante”, que aliena e embota a razão, ainda que contenha algum disfarce com apelo social e outros apelos.

E a arte, outrora elemento de redenção como a mais bela expressão divina, precisa hoje ver extirpada das entranhas da bela e rara arte, essa falsa que abunda por aí em todas as formas ligadas às sete ciências, de onde acenam furiosos ou mansamente hipócritas os falsos profetas e a farsa do politicamente correto.

Ante a brutal derrocada que os reais valores sofreram, louvamos a singeleza de um gracioso e original grão de areia, que, inesperadamente investido de carrasco se intrometeu numa deliciosa empada de camarão. E bendita a hora que entre os dentes de um desses autores famosos - seja ele ou ela - se intrometeu quebrando-lhe um, para lembrá-lo de que em nome da arte espalhar ao vento a semente da traição e da sacanagem, é crime.

Mas ao terminar este “grão de areia”, sem saber por que o fizera, gostaria de lembrar aos novelistas que esse tipo de jogo do mal e do bem nas suas tramas de matança inútil está muito atrasado, pois com essa arte pobre e primária só poderão ganhar dinheiro, reescrevendo fórmulas prontas do tempo do “onça”.

Porque o Mal enquanto sadia polaridade que deve existir em todas as tramas, deve voltar a ser semelhante ao Mal Original, que é a Sabedoria! E na arte absolutamente inteligente; e não esse modelo falido, esgotado e burro.

O mal na verdade tem a nobre função de ensinar e não alienar, inflamando o instinto cavernoso latente a “emburricar” o homem e a incentivá-lo ao crime.

E penso ser burrice muito grande essa nossa de recebermos em nossas casas tais novelas e anúncios idiotas dos patrocinadores, da fornecedora de energia elétrica etc. enquanto não inventarem uma televisão movida a ar, que movida a água também seria politicamente incorreta.

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