domingo, 10 de fevereiro de 2013

ENTARDECE TAMBÉM A MEMÓRIA?



CERTIDÃO NEGATIVA

Sem motivo e sem qualquer razão negamos-nos todos os dias, sem conceder ao outro um menear alegre, sequer um simples sorriso! Quem nos dera como antes, tivéssemos poentes dourados de conversas serenas embaladas pela natureza circundante! Hoje nem aos nossos olhos já um pouco cansados concedemos uma agradável passada de vistas com as cores da esperança, de um simples menear de cabeça, um gesto simples de aceno de mão! Que dirá, então, pontes metafísicas que nos levem aos braços amigos de poentes dourados, ao entardecer calmo, de uma pacífica primavera entre duas almas!

Sem motivo e sem qualquer razão somos neste momento quase a negação absoluta um para o outro, sem sabermos em nome do quê, nem de qual guerra saímos, tampouco de qual majestade herdamos tal orgulho e sapiência, para de nós mesmos nos apartarmos?

Num breve piscar de olhos terreno, apagam-se todas as luzes dos nossos olhos, de nossos ouvidos todos os sons... e a nossa presença animada vencida acusará desagradável odor ao olfato dos presentes, se não houver em tempo oportuno sepultura, nem mortalha digna!

Para que olharmos, então, um horizonte ilusório de luzes douradas, onde só mesmo pedras e árvores salvas da fúria humana tangem o relevo escuro quando já o céu anoitece? Nem as aves estão mais por lá para nos homenagearem com seu canto! Desce desesperançado o manto escuro e sem tardar apagar-se-á o horizonte distante, restando-nos apenas a pobre mortalha, que é tolice a mortalha rica.

Sim, talvez mortalha rica e pomposa só aos pobres de espírito convenha, sim, por que fossem em vida milionários de pobrezas caríssimas, fúteis, mas muito pobres de espírito vivendo de riquezas mortas!  Celebremos, então, à vida simples, à amizade e ao amor do olhar, à lembrança querida, à presença ausente, ainda que diante dos olhos não ande a se mostrar!

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