Mensagem aos Amigos –
Teremos mesmo refletida nos amigos a imagem fiel
dos nossos defeitos, como afirmam alguns teóricos da psique? Certamente esta
afirmação não é correta nem se aplica aos amigos verdadeiros, pois, mesmo sendo
raríssimos os amigos verdadeiros não jogam sobre os outros seus próprios
dejetos emocionais, nem os responsabilizam pelos seus conflitos ou fracassos.
Isto para se falar da velha amizade platônica, dos bons tempos e sem precisarmos de citar outros princípios que hão de fazer parte da personalidade de
homens evoluídos, ou pelo menos bem educados.
A questão do caráter é coisa muito séria, que muitas
vezes se ignora; passa-se mesmo por cima de elementares princípios da educação
em nome de um personalismo arcaico, e até nem haveria nenhum problema, se entre
estas pessoas não estivessem aquelas que pretendem ser muito elevadas e andem por aí a fazer
escola, e não também andassem algumas até buscando a iluminação em colégios
iniciáticos.
Entretanto, cremos com certo grau de certeza que
estas pessoas deveriam antes de buscar o divino educar-se, em nível razoável de
civilidade, como pessoas terrenas amistosas, para depois sim, almejarem outros vôos mais
altos.
É muito triste quando se ouvem comentários de
“amigos” narrando com precisão os defeitos alheios, mas que aos olhos nos
saltam serem projeções deles próprios, embora disfarçados de adereços ao
pescoço, brincos caríssimos nas orelhas, sem, todavia conseguirem esconder a
máscara, apesar da maquiagem e outros penduricalhos reluzentes.
Condená-los por isto também não podemos, nem devemos
porque não têm culpa. Pobres de espírito, e pobres de espírito no sentido literal por faltar mesmo esse toque maduro de clareza, e antes de qualquer castigo são merecedores de compaixão; mas nós não devemos também ser compassivos em todas
as horas! De vez em quando precisam ser beliscados, mas com muita cautela para não melindrá-los e sem
os julgar!
A sua leviandade já é por si muito cruel. E a sua boa
e madura educação que ainda não amarelou adquirindo cores douradas substituem-na até com enfeites, mas revelam ainda mais fugas e compensações entremeadas de goles
de cachaça, mas já algo embrionário lhes causa melancolia, revelando a falta de algo...
Deveremos sentir pena ou lamentar estarem ainda verdes
as frutas quando passando pelo pomar as observamos? Não! Lamente-se apenas muito de
leve não podermos comê-las!
Da mesma forma não se deve sentir pena dos “amigos”, que de alguma forma nossa pena é o embrião de nosso julgamento e ao julgá-los sempre entra no processo o conteúdo da presunção de quem julga.
Ou não é verdade que o indivíduo o é por seu
particular estado de ser, ver, sentir e ouvir? É então o agente de si mesmo qualquer
indivíduo, e então “julgar” sem ser magistrado pelos autos de um processo, é perigoso
imprimir na outra pessoa os próprios conceitos, vícios, defeitos, mas nunca as virtudes
que a estas as julga exclusivas e somente suas.
Enfim, julga segundo a crença absurda de que existe
separadamente o bem e o mal, e sempre o bem vencerá porque ele é o bem e no fim
sempre vence. E não é verdade, nem é este o jogo da evolução, ficando muito bem
concluir esta prosa com a sentença do maior sábio de todos os tempos: JHS - “Nem
bem nem mal, senão a grandeza sublime da Lei”.
"O homem é dono do que cala e escravo do que fala.
ResponderExcluirQuando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo." Freud
Obrigada, Júliot
Verdade, Norma. Freud tinha razão
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