sábado, 19 de janeiro de 2013

GOTAS DE SONHO



Telhado Ainda Gotejando Pelo Sonho


Para transformar o sangue em vinho bastasse alguém beber tanto vinho quanto fosse necessário e expulsar todo o sangue do sistema! Mas não! Bebê-lo-ia eu tanto se fosse possível e o pudesse, para deixar meu coração vazio ou bêbado sem doer-me como dói tanto nesta manhã fria de intenso sol ardente.

Sofre a alma as dores – o físico não, por não ser este o seu penar nem sentir – nada sente o corpo, mas dói-me o coração; os objetos do desejo a as filhas da emoção provocam-me tais sensações somáticas, até um pouco amargas, e por isso injustamente leva o pobre corpo toda a culpa sem culpa alguma ter, feito burro de carga suportando as espetadas; mas ainda bem, só ilusoriamente as sente. 

A ignorância faz-nos sofrer dores e todas as confusões em que entramos, quando deixamos de ouvir os órgãos sensoriais internos.

Da minha alma tenho apenas o sentimento do desligamento de mim mesmo, como se ela fosse independente do todo que eu sou. Mas não perdi a consciência de ego completo; mas ainda assim dói-me a alma e nem o vinho poderia expulsar o sangue para deixar meu coração vazio ou bêbado.

Talvez o fel amargo nesta manhã seja a única coisa que eu posso saborear. Conquanto ainda respire o hálito vital e eu viva, e é isto que me retém preso ao chão. E reafirmo estas coisas para mim mesmo sem qualquer prova ou ciência, apenas porque respiro.  E me basta respirar. Vivo porque respiro. Mas porque saberia que respiro? Pela ardência pulmonar! E porque essa ardência pulmonar? Por talvez longos anos feito um tolo alegre andasse por aí a fumar!

Mas, e a dor do coração? Bem, como ainda há pouco fazia frio de arrepiar em pleno sol escaldante, num instante a temperatura baixa subiu e a alta baixou ao nível de uma olhar na outra na horizontal, e o coração sossegou, de repente.

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