terça-feira, 28 de agosto de 2012

Décimo Primeiro Palco



(De Eros a Prometeu)

Segundo o Oráculo de Delfos: “Homem, Conhece-te a ti mesmo”.
Já as três perguntas ainda intrigam e continuam desafiando: “Quem sou de onde venho e para onde vou”?
Eros – Esse é o grande desafio do homem! Como responder a essas três perguntas e finalmente me conhecer, caro Prometeu?
Prometeu – Que tal começar pelo que estiver mais próximo de ti?
Eros – Mas como posso saber o que está mais próximo de mim, num estado em que tudo é relativo?
Prometeu – Ora, observando o que é palpável!
Eros – O palpável não é a forma material? E o que está mais longe de mim, do que o minha carne?
Prometeu - Através do corpo e da carne tocas e interages com a forma; portanto através da forma e do movimento, sentes a presença da vida.
Eros - Vida física, não é o que queres dizer?
Prometeu – Sim, e onde poderás observar movimento e a conseqüente presença da vida, senão no corpo formal, na carne?
Eros - Busco o conhecimento em vôos mais altos, além da carne perecível.
Prometeu – Sei! Crês que sem a carne – poderia a majestosa águia, por exemplo, ter asas com que voa?
Eros – Belíssima é a águia! Admirável a sua visão e o seu vôo! Símbolo de liberdade, realmente, mas é o conhecimento da alma que me sustenta a ideia de caminho e mantém a fé.
Prometeu – Alma? Sabes onde ela está assentada?
Eros – Creio que sei! Não acredito que exista outro assento para ela senão o corpo, segundo a lógica e o pouco que eu já compreendo.
Prometeu – E não te parece razoável que antes de conheceres a parte “aérea”, ou etérea devas conhecer a base concreta, terrena onde ela se assenta?
Eros - Então é aérea, a alma?
Prometeu - Em metáfora sim, é como deves entendê-la aérea ou etérea... em metáfora!...
Eros – Metáfora? Pelo teu modo de falar me parece retórica, antes de metáfora!
Prometeu – Pensa o que quiseres. Mas já sabes que o corpo não é a alma; e este não é uma ideia retórica nem metafórico conceito! È tão concreto que até o podes tocar; e ela – a alma – está assentada nele, disso também já não há dúvida, não é?
Eros - Sim, isto eu já sei!
Prometeu - Conhece-o então melhor! Nele há dor e prazer, calor e frio, embora estas sensações não as sintas no teu corpo.
Eros – Quem então as sente, senão é esta a natureza do corpo?
Prometeu - O veículo das sensações – o corpo astral que o volteia – é quem sente.
Eros - Quem sou eu, afinal?
...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A arte é a ciência da Alma


A Alma é o livro do homem em que ele escreve...

A alma portuguesa tem na literatura Camões, Fernando Pessoa, Florbela e tal cujo estilo poético poucos no mundo desses gigantes se aproximam. Tem também Eça de Queirós em romance de estilo estético incomparável, mas quem tem um Padre Vieira há de ter na sua língua cânones inigualáveis.

Na arquitetura o estilo manuelino deveras maravilhoso e belíssimo exemplo...
Na pintura primitiva Nuno Gonçalves, Vasco Fernandes, Columbano Bordalo, etc. e os modernos, Amadeu de Sousa, Almada Negreiros, Nadir Afonso... Música, Carlos Seixas, Luísa Todi, Amália Rodrigues Dulce Pontes, a divina que entre nós nos encanta etc.

Mas o coração de Portugal pulsa em Sintra, para não dizer logo o coração da Europa, onde no Sanctus Sanctorum da Serra guardado está o sagrado trono de Deus, na Mansão dos Moryas sobre os quais pouco se pode falar, e quem muito o desejar faça uma pesquisa, através da ciência que representa a Arcaica Sabedoria das Idades, hoje com o nome de Eubiose, já do outro lado do atlântico, à qual tenho muita honra de participar... Embora muito pouco do quase infinito conhecimento dessa ciência eu possua.

Mas também não tenho nenhuma receio de ser mero aprendiz, como a maioria absoluta de seus membros, embora por lá abundem mestres forjados nas escadarias do templo.
Pena é, porém não ser essa tendência, infelizmente, exclusiva de nossa escola.

Conquanto não seria isso tão mau, não fossem milhares de palavras que usam para dizer o que com razoáveis dez se diria muito bem, mas quem tem ouvidos que os poupe, ou evite ouvir o desnecessário firmando dessa forma a máxima de que o silêncio é ouro... e nestas circunstâncias a palavra nem de prata é, mas puro ferro

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

CICLO DA INDIGNAÇÃO



O MUNDO
Nunca desejei sucesso. Ensejo, todavia viver apenas do meu trabalho honesto, por andar a ser feito sem a mácula de imitador ou tradutor maldito. Mas já ao cair da noite sem que olhos dedicados e isentos a tenham visto, deixo minha obra a posterior reconhecimento.
Isto se ela guardar alguma essência que sirva à evolução de alguém! 
Caso contrário e não sirva para nada, que a queime e a destrua o fogo juntamente com esses meus fantasmas mentais que lhe deram forma antes de confeccionadas; e em cinzas reduza também minhas pessoais dúvidas quanto às animosidades e “malquerenças nelas expressas”.
Mas não é isto que ora escrevo meu pessoal testamento. É apenas qualquer um mais dizer entre outros tantos já ditos.
Há, entretanto tantos por dizer, que em desabafo íntimo contra o mundo injusto e tolo regido socialmente pelo homem é mais prudente calar.
De poder maior, a mídia miserável e voraz devora tudo sem cozer e joga na ciranda infindável de ilustrar fantasias e fatos do cotidiano através do noticiário, todas as sujeiras de um mundo real opostas aos preceitos sadios da natureza.
E, em nome do lucro e tantas leviandades quantas sujeiras são consumidas? Até em forma novelística, agredindo ora aqui ora ali os sete ramos da ciência, pelo maldoso uso de duas principais vias – religião e política.
Mas ainda as sete tônicas do conhecimento de algum modo um pouco se fazem presentes em maravilhosos ensaios de espírito.
Pena é que às vezes repousem num fundo escondidos ou sobrepostos por culturais impostos – quase filosoficamente excrementos da alma – frutos da pobreza humana de uns tantos fazedores de arte!
Mas quem sabe ande agora mesmo a verdadeira em brasas ardendo em fogo etéreo nas profundas cavernas a servir tragicamente de indispensável combustível à copia espúria?
Da falsa seus autores e falsos profetas têm nos atores, bons atores, a fonte de altíssimos lucros em muitas moedas e grandes famas – embora fúnebres. 
Para mim confesso jamais hei de querer semelhante fama nem dinheiro, de modo algum a qualquer coisa deste gênero quero perto de mim!
Quando chegar minha hora prefiro que meu corpo desça a cova fria, e vá livre minha alma céu afora onde ousou construir seu ninho e meu trabalho seja descoberto ou o queime o fogo.
Lamento profundamente não saber onde ser ou ir de espírito, e o mais que posso desejar é que paire sobre a alma, para sempre unido a ela.
E é isto muitíssimo sério para rir ou desdenhar de tal assunto, mas para muitos autores é quase impossível imaginar o que eu digo com meias palavras; e então se me lessem haveriam de rir.
Embora na verdade fale com dobradas palavras, que é como eu falo ou duplos vocábulos para ser mais claro!
Mas falar expressando literalmente meu pensamento sem vitupério e despido de vaidade, é o meu desejo mais íntimo. E, deste mais íntimo desejo é que translado este pequeno testamento crítico, antes do próximo berro abafado diante da primeira olhada lá fora ao desconcerto do mundo.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

TRILHA


Esta canção tem já uns anos de vida,

mas ainda está atualizada. 






Trilha
 Na poeira das transformações

Olho para trás e mal vejo as pegadas;
Dei vida às quimeras, meras ilusões,
E as minhas canções nem foram cantadas...

Com tanta poeira que o vento levanta
Arranha a garganta a qualquer cantar,
E amargo solfejo à voz desencanta,
Nada há que garanta e venha a sustentar...

E ao que vejo em frente, foge de repente,
Quando chego perto ao me aproximar,
E tudo é tão incerto, longe, tão distante,
Um campo infértil a quem não soube amar.

Mas não vou embora nem vou desistir,
Já deixei lá fora o meu desassossego,
Nada em mim não mora que possa ferir
Ou vai me impedir e até mim eu chego.

Não, não vou embora nem vou desistir,
Já deixei lá fora o meu desassossego,
Nada em mim não mora que possa ferir
Ou vai me impedir e até mim eu chego. 

domingo, 5 de agosto de 2012

MENSALÃO da silva


As pessoas usam palavras para expressarem 
as suas opiniões e não há nada de errado nisso.
Mas quando viram chavões tornam-se legendas
petrificadas e não denotam mais inteligência viva.
Voltadas para o passado, estão presas ao símbolo 
e as pessoas que o símbolo representa
já estão muito à frente e além do clichê.
E é assim que os retardatários malham apenas seus espectros,
seus fantasmas repetindo a velha ladainha.
E nem os mensalões cala a boca deles!
Oh gente atrasada, que acusa os outros de
reacionários, conservadores, como se conservar valores
éticos e morais, produzir riquezas e trabalhar fosse imoral!
Oh gente engraçada! ou seria preguiçosa e perdida
a meio à lei do menor esforço?
Mas o Universo é vibração e nada está parado!
Por isso vai em frente, enquanto eles gritam de inveja.
Não é não? Ora, ora, senhor filósofo!
Ou que seja senhor presidente, ou que seja sem ser nenhum, muitos doutores,
Ainda não vi um sinal do senhor elogiando alguém, que não fosse de seu bando.
Fosse um filósofo, lhe diria que a filosofia anda por mortíferos caminhos!
Afinal amortalhou a moral brasileira, submetendo-a à mídia da falsa aprovação,
E acabou vitima da própria garganta, por cuja boca maldita reverberou maledicências,
Suas e dos que lhas mandaram dizer; revelou grande ódio ao próximo, e mentiu descaradamente.
Como não é filosofo nem nada e ora senhor ex qualquer coisa, então ora, 
ora senhor qualquer coisa nada, cale-se, que a lei de causa e efeito já se mostrou patente 
e em sua garganta surtiu o seu efeito!
Cale-se, supremo chefe do “não vi não ouvi nem sei de nada” do que mensalmente
aos pés em céu aberto corria, e nos últimos dias diariamente aos borbotões
a feder insuportável tudo podre prosseguindo, nunca mais parou!
Cale-se senhor fraude e simulacro de estadista, que até de humano é simular
apenas aos da espécie, mas sem alma humana...
 Cale-se pra sempre, senhor LIS da silva!