Existe sempre uma porta aberta, para compensar aquela que se fechou. Pena é que raramente seja vista, ainda que muito larga, tremendamente alta, e eleve a grande altitude ou desça a grande profundidade.
Dolorosas penas que por serem penas não deveriam pesar pesam, contraindo e enfiando nossa cabeça ombros adentro, enfraquecendo o nosso pequeno ser sustentado numa coluna “vertebrada”.
E esse peso que afunda a nossa cabeça pressiona também os nossos olhos, fechando-os; e nós, já antes meio cegos, aí é que não vemos mais nada!
Conquanto magnífica porta aberta fruto de todas as que se fecharam, há de congregar as virtudes e os talentos adquiridos no ato de fechar e abrir, o que tenha animado ao entrar ou sair, criando luz própria e iluminando o caminho, pouco importa se apenas o clarão do vão da porta aberta ilumine.
Pena é não verem todos essa bela e magnífica porta! E às vezes só por medo de olhar lá fora cerrem os olhos a chorar penas, enfiando a cabeça quando não no peito, em qualquer buraco da terra, imitando o avestruz, ainda que muitos insistam na onda de olhar dentro!
Há quem diga de quem nessa porta especial entrou por ela nunca ter saído. Mas não é verdade. Afinal, quem revelou as suas virtudes não poderia ser outro se não aquele que por ela entrou e saiu maravilhado!
Mas existe mérito no fato de muitos duvidarem de suas virtudes. E assim é que se criam mitos negativos, demônios assustadores e se desenvolve o sentido instintivo de autodefesa, fugindo de medo.
Também esse medo cria o instinto de defendê-la pela fé, outros há que morrendo de pavor lançam sobre ela mentiras, atribuem-lhe crimes e cobrem de injúrias.
Todavia, e isto é uma pena, são esses que a carregam às costas, arrastando-a, em vez de nela entrarem sem temor, e de olhos abertos descobrirem o que há dentro ou além dela para se ver.
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