sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

VITÓRIA DO LÍRIO




Não sei o que seria de mim, se a minha alma não fosse simples como o lírio do campo! Nas crises profundas, o simples orvalho da manhã revigora o lírio e refrigera a minha alma.

Muitos orvalhos de varias naturezas alegram a minha alma. Um simples gesto de cortesia, de alguém que passa na rua, o sorriso puro de uma criança, pronto...

Mas os orvalhos são como as gotas do sereno noturno, em manhã fresca cediça ao dia quente e ensolarado. Vale aquele momento e não é possível prolongá-lo para dar alegria onde há tristeza e meia morte... meia morte em tese para que por analogia não haja meia vida e meia verdade.

A medida adquirida pelo meu entendimento da simplicidade, e como ela deve ser ante os gestos mais comezinhos de civilidade, não a quero por aí a servir de padrão, nem a medir arquétipos de nada. Vale aqui como mero registro de quão raros são os gestos brandos, do mundo.

Resta-nos o sorriso das crianças, o sorriso inato. Felizmente minha alma é simples como o lírio do campo, que vai sobrevivendo no pequeno espaço que ainda lhe resta; cada vez menos espaço e menos campo, mas sobrevive.

Apesar das tragédias, a poesia, semelhante ao lírio também sobrevive. E se a questão se resume à sobrevivência, não é necessário dizer mais nada; afinal, heroicamente a vida resiste, restando-nos lamentar as espécies já desaparecidas.

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