terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

UM NOME





Escrevi meu nome numa folha velha e decidi lançá-lo ao vento, na primeira soprada forte que passou por mim.
Acorde não se ouviu do encontro do vento com a folha, nem olhou para trás a ver quem lançara aquele nome escrito na folha.
Algum tempo depois, já esquecido dele, juntamente com umas folhas de árvores secas e uns gravetos velhos veio ter aos meus pés, desfigurado na velha folha toda amassada.
Fiquei deveras muito triste ao vê-lo assim esfarrapado, mas rapidamente compreendi que eu não sou ele. Não, eu não sou aquele nome.
Existo sem ele, mas ele não existe sem mim. Ele é somente um nome sem sujeito. Seria eu o seu sujeito, mas não sou mais depois que o lancei ao vento.
Hoje, farrapo inútil, será ainda substantivo próprio se alguém o adotar; senão, não é nada. Abdiquei dele para que seja apenas um nome qualquer, que lancei ao vento escrito numa folha velha.
Porque numa folha velha? Inconscientemente sem compaixão. Escrito no papel rasgar-se-á e na primeira água se diluirá.

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