Alheio ao mundo lá fora, completamente ignorante do que seja o mundo interior, por uma espécie de venda mental êxui de mim qualquer possibilidade de compreender qualquer coisa.
De tal forma que o não compreender representa completo alheamento de contemplação e plenitude.
Compreender, opostamente ao analisar e por dedução analítica desvendar o que se observa, estabelece enorme diferença entre as duas situações; de modo que este não compreender está para aquele compreender como a sombra está para a luz: enquanto a luz ilumina e é por si real enquanto brilha segundo a fonte.
Também a sombra tenta compreender a luz para nela inutilmente se converter, subvertendo a sua função de sombra, que não passa de uma espécie de carvão ou tela negra passageira a refletir à sua maneira e modo um filtro à luz.
Estar alheio ao exterior e ao mesmo tempo ao interior, não significa inconsciência ou ausência da razão, nem insanidade...
Senão apenas cessação do processo de raciocínio. O compreender, que neste caso é o não compreender, refere-se ao todo e não às partes. Enquanto compreender em termos clássicos da expressão limite-se às partículas observadas, nem sempre desvendadas de acordo com o sistema separatista cartesiano a sua ligação com o todo.
Naturalmente devido a sua complexidade e falta de comprometimento com o todo, ao qual se ignora por absoluta incapacidade da razão executar essa tarefa.
Apesar das longas pesquisas médicas submetidas àquele sistema do filosofo francês apenas os laboratórios farmacêuticos e as especialidades médicas sejam beneficiados.
Enquanto os pacientes, a exemplo das sombras servem de filtros ao terem medicado especificamente um sintoma de um órgão, para o qual se desenvolvera uma droga, que raramente funciona.
Também a Deus fazem a mesma coisa, vendo-o só nas pequenas partículas. Sejam as religiões sectaristas, sejam as crenças mais inocentes e primárias. De algum modo têm esta característica da separação todas as religiões, o que lhe confere uma visão absolutamente relativa e uma maneira estranha inconsciente de negarem deus, falando em vão o seu nome, ainda que, ao mesmo repitam gritando...
Três grandes cismas da igreja romana deram origem a ortodoxos, luteranos e calvinistas, e provam irrefutavelmente essa divisão. Afinal, sendo Deus único e verdadeiro qualquer conceito que o difira também nega, mas esta questão das religiões não carece de grandes comentários quanto à sua pobreza da visão divina.
Mas de algum modo todo o sistema ocidental é separatista, por estar fundamentado nesse modelo.
Compreende então eles não compreenderem o que resultará de uma atitude não de concentração, mas de um estado semelhante ao da contemplação. É um ver com o sentido interno da alma, é um sentir com os olhos abertos do ego sensível. Um tatear com as narinas, um saborear com o ritmo do coração a pulsar em estado de quietude. Absorver do meio universal através do pequeno inseparável do todo; portanto, o todo.
Carece este conceito uma maior fundamentação, mas essa a deixo por conta dos detalhistas, que por semelhança são também cartesianos cujo envolvimento já lhe rendera o titulo de pai das vítimas da maldição do século.
Não sei quem é o autor desse título, mas por havê-lo retido na memória, é certo que se trata de comentário de pessoa muito séria, provavelmente um dos físicos que ousam aproximar aquela ciência com a metafísica, aonde brutalmente o sistema ao qual vimos a citar aparece como o grande vilão do Ocidente.
Sem medo de ser eu crucificado, a filosofia moderna tanto a vertida pelos franceses quanto a que fascina o norte americano com seu pragmatismo cruel e as do alemão que segrega em vez de unir, deveriam mergulhar no passado e revisitar suas origens pré-socráticas e seqüentes desdobramentos...
E eu digo isto sem ser um profundo conhecedor deste assunto! Mas como salta aos olhos, atrevo-me.
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