terça-feira, 29 de novembro de 2011

FOI SÓ O QUE ME OCORREU DIZER...


Amanhecer à tarde

A minha alma hoje amanheceu chorosa,
E eu sigo as trilhas do meu coração
E ao lembrar-me dela, Oh, Clara saudosa!
Mas sei que revê-la é um querer vão!

Só roteiro antigo ipês de cor rosa
E acolá na frente outro da amarela
E eu lacrimejante minha alma chorosa
Segue perguntando: onde andará ela?

E eu sigo em frente até a Alvorada,
Retorno à mente e vou até Peixe
Mas também aí ela não estava
Só na minha mente pra que atrás não deixe

Retorno ao Porto com ela na minha memória,
Com ela no meu coração,
Mas se também no Porto ela não s,tiver,
Oh, minha clara, onde estás então?

domingo, 20 de novembro de 2011

A Revelação Virtual da Alma de um Proto-Filósofo


Ora, ora, senhor filósofo!
Ainda não ouvi nem vi escrita uma palavra do senhor elogiando uma pessoa!

Teme alguém em seu nível ou à sua semelhança fazendo-lhe sombra?
Quantos degraus terá o senhor de subir para enfileirar-se a esses que critica!

Não, a verdadeira filosofia que tem dentre seus cânones Platão, por exemplo,
não anda por esses descaminhos!

Afinal, porque fala tanto mal de um prêmio Nobel
de literatura? Sendo o senhor também escritor
sente que certamente enquanto houver um mínimo de critério
entre os mentores de semelhante prêmio, jamais o senhor será
agraciado com ele?

Ah, sim, o senhor afirma que o nobre ganhador do Nobel
não entendeu a morte de Deus, eventualmente imagino
eu, em algo referente ao caso Nietzsche...
Mas como poderia entender ele a morte de Deus
Se não acredita em Deus?

Compara-o também com um campeão de venda de livros,
apenas se distinguindo dele pelo status,
embora completamente opostos, mas talvez essa diferença ande longe
de seu pobre entendimento.

Afinal um é ateu e o outro passa por ser místico,
embora péssimo místico e muito mau escritor, diga-se.

Entretanto o senhor se esquece que não há melhor psiquiatra
do que a internet.

Nos mínimos detalhes revela a cada um, basta que se
digite uma vírgula e pronto, lá se vai nosso segredo revelado
e o nosso caráter desnudado!

E o senhor se revela por inteiro intolerante, deselegante
pretensioso e realmente oposto ao que deve ser um professor de filosofia.

É que o senhor sem escrúpulos nem educação
classifica uns de burros, outros de coitadinhos
e afinal, o senhor, é o quê?
A medida de todas as coisas, imagino-o também o lente de todas as ciências!

Mas a virtualidade revela mesmo o seu mau humor e sempre de mal
com Deus e com o mundo, mas talvez se posso classificar de intelectual de meia "cumbuca!

Pois até uma jovem que ousou interroga-lo expôs publicamente,
na mesmo medida em que em que expunha as suas próprias e pessoais
falhas de elementar educação, de homem comum,
e mau caráter, enquanto filósofo tal como auto se denomina!

Por isso lamento pelos seus alunos!

Eu, um “amigo” virtual felizmente num clique desamigar-me-ei
do senhor e o faço neste instante.

Desculpe, mas vossa presença e vossa filosofia de almanaque
em minha página lhe confere um ar de triste e de arrogância, que eu não
admito.

E o mais que eu desejo neste derradeiro gesto é
que o falecido e ateu ganhador do Nobel, ria,
com este solene ato de desamigar-me - deixar de ser amigo virtual
do senhor filósofo de castiçal.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cravos




E então neste buscar-me vim vindo, assim,
E andei até aqui aonde estou ainda sem chegar...
E de tanto vir andando sem andar
Acabei por ficar, neste estar longe de mim.

Ora aquietado calmo e descansado
Sacio a sede à sombra em leda fonte
Que o sol inclemente, abrasado horizonte
Secando a boca e de alma assolado

A esta fresca sombra assim tão de repente
Sem delongas nem retórica e só fonte
Sereno minha à alma e à minha mente
Pra que sem receios e atropelos eu descanse.

Pois já nem falo mais pelos cotovelos
e aprendi com as palavras a ordenar
E a ouvir os belos e os bons conselhos,
Que até ainda hoje os ando a escutar!

E até os ouço chorando ou a gargalhar,
Agasalhados dentro do melhor bem,
Que de longe os tenho vindo a buscar
E não sei se é por mal ou se é por bem,
Não sei de onde tudo vem, nem onde vai chegar

Pois que, ainda aqui sem bem nada saber
Se o bem que temos nunca há de se acabar,
Mas, de onde tudo vem quem pode responder?
E se afinal vem quem e traz o quê e para quem?
E nesse vai e vem vai quem vai ou vem a caminhar?

domingo, 6 de novembro de 2011

RESIDÊNCIA RÉGIA




Dignifiquei minha residência com um mínimo de conforto desde os pés até o teto, este em forma de pequena cúpula e coberto de fios finíssimos do tipo cabelo, e por dentro procurei manter o suficiente de energia para alimentar a chama acesa e a temperatura adequada a um ambiente agradável, atualizado com as novidades da comunidade, vizinhança em comunhão pacífica, cidade, estado, nação e sistema solar...

Mantenho neste conjunto órgãos, vísceras, rede de irrigação, rede de comunicação, rede de excreção e todas as vias necessárias ao transito de um imóvel particular, que o arquiteto principal construiu em série e a mim este confiou.

Nem sempre é possível mantê-lo bem ventilado por dentro, que as tempestades de vento e as intempéries emocionais têm-no assolado com poeiras de toda a espécie.
Tanto as partículas concretas, quanto as imateriais obrigam-me a fechar portas, janelas e até às vezes a apagar a luz, para evitar a invasão de algum estranho indivíduo que por trás do vento se esconda nas sombras, e até às vezes atrás do som e das palavras!

E antes que me esqueça de algum detalhe de minha residência que queira explicitar, lembro as duas novidades acrescentadas já há alguns milhões de anos às construções, e que constituem verdadeiramente aos sentidos vivos da residência as antenas, com as quais se liga ao exterior, vê, sente e do mundo a algumas já distingue, dentre outras.

Representam um estado fundamental, por tratar-se das causas que dentre muitas qualidades e predicados a de estar na posição ereta, em duas únicas pilastras sustentadas obram tal milagre, cujo movimento e deslocação a diversos lugares as levam, inclusive quando em parceria com outras espécies de objetos externos móveis e artificiais deslocam-se a lugares longínquos, e até pelos ares já com elas podemos voar!

Considerando as condições climáticas e ambientais, e a energia que mantém e rodeiam cada residência, excluindo o fator luxo e estético de algumas diferenciações, o fato de possuirmos uma casa, mesmo sendo absolutamente temporal e relativa a uma existência breve, é motivo de júbilo, orgulhoso sentimento pela oportunidade única de habitar este belo planeta, dentro dela.

E estar aqui habitando uma destas casas é o bastante, cabendo a cada um manter a sua qualidade, a gerência e a longevidade. Considerando ainda a nossa origem não ser totalmente terrena e as substâncias de renovação e sustento de nossas casas extraídas do solo do planeta, nos tornam também já um pouco universais.

Muitas técnicas de conservação e restauração foram desenvolvidas ao longo do tempo, mas ainda uma boa ventilação e matérias de consumo naturais, o melhor procedimento que se deve manter. E esta arte, a mais bela de se exercer, devido a arte em si descer ao fundo do poço e aí se encontrar sufocada pela mídia e entregue a um órgão subjetivo, que por amostragem mede o seu fator rentável.

E nesse medir acaba determinando o que cada casa deve consumir como arte, alimento físico, psíquico e de espírito, num verdadeiro assalto ao ente real e senhor da casa, que deveria ser também o senhor de sua vontade, mas nem isso lhe é permitido.

sábado, 5 de novembro de 2011

Impressões



Subi
Apressado
Feliz
A ladeira
De minha infância

E a desci
Ouvindo a voz
Que me diz:
Passaste,
Ficaste
Na distância.

Mas Sossega!
Ainda diz:
Ainda vives!

Sossega então
E sê feliz!
Também diz.

Mas pergunta
Rindo: és feliz?

Para quê
Ser feliz?
Insiste...

Contenta-te!
E ainda diz:
Ainda vives!

Então sossega,
Para de fugir
E apresenta-te!

Ante o altar
Solar teu ego.