segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cravos




E então neste buscar-me vim vindo, assim,
E andei até aqui aonde estou ainda sem chegar...
E de tanto vir andando sem andar
Acabei por ficar, neste estar longe de mim.

Ora aquietado calmo e descansado
Sacio a sede à sombra em leda fonte
Que o sol inclemente, abrasado horizonte
Secando a boca e de alma assolado

A esta fresca sombra assim tão de repente
Sem delongas nem retórica e só fonte
Sereno minha à alma e à minha mente
Pra que sem receios e atropelos eu descanse.

Pois já nem falo mais pelos cotovelos
e aprendi com as palavras a ordenar
E a ouvir os belos e os bons conselhos,
Que até ainda hoje os ando a escutar!

E até os ouço chorando ou a gargalhar,
Agasalhados dentro do melhor bem,
Que de longe os tenho vindo a buscar
E não sei se é por mal ou se é por bem,
Não sei de onde tudo vem, nem onde vai chegar

Pois que, ainda aqui sem bem nada saber
Se o bem que temos nunca há de se acabar,
Mas, de onde tudo vem quem pode responder?
E se afinal vem quem e traz o quê e para quem?
E nesse vai e vem vai quem vai ou vem a caminhar?

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