sexta-feira, 28 de outubro de 2011

QUEM?




Não sei quem adiante segue acenando e insistentemente chama por mim. Um vulto feminino, apenas um vulto feminino vejo com um lenço branco na mão, agitado, insistindo para que eu vá por esse caminho. Mas por quê? Há tempos a venho seguindo, mas nunca está quando dela me aproximo, e até parece fugir de mim!

Quem afinal me chama e esta chama acende e me obriga a segui-la, por essa via, sem saber quem é nem pra que fim?

Não, não sei! Mas arde na alma um fogo se não vou com ela, desce-me dos olhos um fluido incendido se não a olho; mas não sei quem me chama e que à chama acende e o meu caminho vai iluminando!
E essa chama arde tão fundo! Mas quem afinal é ela, que por mim chama? Saberá quanto arde o meu anseio? Não responde quando pergunto por andar lá bem á frente, mas eu vou seguindo o vento suave assoprando e o seu perfume vai mostrando o meu caminho.

E assim descubro novas formas concretas e abstratas enquanto vou em frente, tantas coisas nunca vistas antes!

E é assim que vou a quem não sei que me chama, e nunca está quando eu chego! E também ao chegar nada poderia alcançar que não é aí nenhum lugar, fim, nem começo! Apenas um estado vago onde não há o que se possa apalpar, e por não ser aí sequer ilusão do tempo, nada haveria para encontrar...

E eu vou seguindo iludido de que além de mim há qualquer sim ao chegar, mas não há saída nem entrada e muito menos chegada, como haveria de seu uma estrada? Ainda assim ao ver passar por mim o que além de mim segue em frente, muitas dúvidas suscita se aí vai a vida renovada. Não sei, eu não sei nada!

Mas nela que me acena de passagem vejo de soslaio o olhar da esperança. E eu sigo essa ilusão seja até um canto vão, mesmo que ao chegar seja ela uma miragem.

Pois vale a pena ir de mim para fora, por haver sempre um começo e um fim mesmo sem chegada, de onde parto agora.

E olhando em torno a quem por perto segue sem destino como eu, vejo que há em todos algo novo...

Mas como tudo passa, quem vai e quem fica, vale o que em graça sorri e beatifica e nos faz caminhar.

E o sonho? O que é o sonho além de uma falsa escada? Ainda assim vale a pena sonhar, mesmo que nada fique de pé depois de acordar, e “vale o que sorri, celebra e consagra”.

E se tudo o que é, é o caminhar, ainda que não se leve nada, sendo uma estrada vale a pena ir por ela, pois o que se leva mesmo não levando nada é o embrião de um destino.

Já não caminhei e aí ficando encontrei o que não buscava, mas tudo passava tão depressa, que, o que encontrava não vingava e não chegou a ser sequer uma ilusão, muito menos uma promessa.

Também já fui de malas prontas e cheguei onde queria, mas ao chegar lá nada havia, e nada encontrei.

Então sigo o horizonte, que esse nunca está quando eu chego; e ao que eventualmente toco com as mãos deixo para trás aliviado de seu peso, pois a natural sentir alivio daquilo que não carrego.

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