sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pedaços da alma. Embora soltos, todos inteiros.


Ao entardecer...
Mas passado este tempo todo, em que à espreita esperei ver além algo de novo, em meu povoado mental, decepcionado, confesso, não vi nada.

E já ao entardecer de outono, para alguém que não deseja ir até o inverno, é pouco, e reafirmo e repito estar mesmo decepcionado.

Mas ao desmanchar as fundações e as paredes da sala onde armazeno o meu saber, numa taboa rasa estendo a alma, com a sua face sensitiva voltada para cima.

E à cognitiva, como a uma pipa mantenho no ar, sem saber qual de mim desfaz e dispõe as peças no coradouro, a corar.

Passado esse tempo todo, terreno, é muito pouco o que tenho por técnica de um curioso, que subverte, decompõe, desmancha, mas já sem corromper a natureza dos elementos, nem manchar as substâncias originais, embora sob o risco de manchá-las, de corrompê-las, sem intenção!

E todo esse tempo de vida terrena, de escola, apenas errar sem intenção, é só o que aprendi?
É muito pouco, dado o meu talento em desfazer a alma e até pendurá-la num varal ao sol eu sou capaz de pô-la, mas no momento do improviso, o que sou capaz de improvisar, com pelo menos arte?

À língua, que mal soletro seus caracteres, procuro exercer na melhor forma e mais honesta,
de modo simples, que também o erudito ou culto modo eu não conheço, mas do que li dos gramáticos, com algumas exceções vão muitos presos à regra, de um lado, e do outro os corruptores, que a desejam transformar numa anarquia, lixeira ou casa sem lei, ou se lei há só a do menor esforço, onde campeia a preguiça ou falta de talento.

E eu, então, embora pobre, miserável igual a esses bandoleiros do MEC, não me permito ser...

E como neste momento já entardece, recolho a face sensitiva da alma da taboa, que continua limpinha, - sinal de que a alma não a manchou -, e à face cognitiva, eu desço a pipa e recolho as duas faces unidas, pondo-as a dormir.

Enquanto eu, sem saber quem sou, vou dormir também.

E este rito é talvez o único que eu saiba ser de verdade um ensaio, para o sono eterno, que dormiremos todos, se não nos desapegarmos do corpo, e acordarmos para a alma, onde aí o sono será passageiro e nova peregrinação há de vir a acontecer...

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