sexta-feira, 10 de setembro de 2010

HOMENAGEM AO MESTRE

(Nessa impermanente transformação salva-se ainda um ponto luminoso.
Tal pequena janela aberta por onde entra a luz, de repente clareando, numa analogia entre o razoável e o "perdido" lá na ilha de Brasila, para este não há desprezo suficiente para descreve-lo... apesar de ser quase humano, minha compaixão não chegou a tanto)




Minha primeira indagação tão logo acorde é perguntar-me, quem sou eu? E nesse momento peno todas as culpas anímicas, sofro o desconforto e a desconfiança psíquica e me recrimino, caso no dia anterior tenha seguido pelos desvios do caminho, burlando a regra que determina o rumo de ir a mim.

É verdade que não é esse rumo muito claro, nem a linha divisória perfeitamente definida que separa uns de outros caminhos, nem os possíveis desvios assinalam com exatidão a trilha correta entre o certo e o errado!

E então ante a precariedade cognitiva e a fragilidade sentimental de mero ser humano dou de ombros, e no ato seguinte me auto-absolvo, certo de que vou a fazer o que é possível, em “vigilância dos sentidos”.

E é assim e à minha maneira que eu continuo buscando o meu pessoal ar, a minha oculta cor, - que ninguém vê as cores como eu vejo - o meu inconfundível e agradabilíssimo paladar... E o quase, mas não ainda totalmente supremo e único, o meu pessoal amor.

Mas sendo este meu andar a única fórmula de seguir redescobrindo-me, respiro fundo a cada manhã, ao levantar-me, e aí descubro estar vivo pela ardência nos pulmões, provavelmente pelos longos anos de fumante.

Sorrio então levemente, mas como são ingênuos aqueles que me vendo sorrir alegremente imaginam não haver mais espinhos em meu caminho! Vendavais não, esses não!

E mesmo quando os houvera foram tão passageiros, que num piscar de olhos desapareceram; e como passageiro realmente tudo é logo desaparece rapidamente na impermanencia das formas onde há homens, abaixo de onde há animais...

Sim, onde há fêmeas, machos e bacanais, há ondas invisíveis levantadas, inevitáveis passagens de um estado a outro e funerais... Éticos, certamente morais e até de corpos!

E como há homens abaixo de onde há animais... Seguirei este meu pessoal caminho até esgotar o meu ente funeral, que é físico, porque sei, o meu não sei é metafísico e dele não sei nada e tenho sérias dúvidas se desejo saber qualquer coisa desse outro.

4 comentários:

  1. Caríssimo amigo,é homenagem a si?kkkk
    brincadeirinha.

    A sua simples prosa,não é tão simples assim,em seu contexto nos fala na crise da Metafísica nos dias de hoje,crise que atingiu a própria Filosofia.Situação complexa que vai originar um outro tipo de estudo ou um novo olhar para o estudo destas ciências já um tanto ou quanto ultrapassadas nos tempos que correm.

    "O homem e o ser foram pensados, mefatisicamente, platonicamente, em termos de estruturas estáveis que impõem ao pensamento e à existência a tarefa de ‘fundar-se’, de estabelecer-se (com a lógica, com a ética) no domínio do não-devideniente, refletindo-se em toda mitificação das estruturas fortes em qualquer campo da experiência, não será possível ao pensamento viver positivamente aquela verdadeira idade pós-metafísica que é a Pós-modernidade.
    Entretanto, no final pós-moderno das filosofias absolutas, há ainda mais a ser analisado. Na verdade, percebemos que ao descobrir o quanto é insustentável a visão do ser como uma estrutura eterna que se espelha na metafísica objetiva, tudo aquilo que nos resta é justamente a noção bíblica da criação e da contingência e historicidade do nosso existir.
    Ora, uma vez que nem mais a Modernidade se afirmou como verdadeira, no sentido de verdade absoluta e segura para a explicação do mundo e dos seus fenômenos, esta também caiu na descrença. Por isso, "hoje já não existem razões filosóficas plausíveis e fortes para ser-se ateu, ou para recusar a Religião". Ademais, como Vattimo nos diz em Depois da Cristandade [Dopo la Cristianità – 2002]:
    Se Deus morreu, ou seja, se a Filosofia tomou consciência de não postular, com absoluta certeza, um fundamento definitivo, então, também não existe mais a ‘necessidade’ de um ateísmo filosófico. Somente uma Filosofia ‘absoluta’ pode se sentir autorizada a negar a experiência religiosa.
    Como nem a Filosofia pode se arrogar como sendo absoluta, então o fiel pode voltar-se para a redescoberta da Religião: desta vez, porém, não mais no sentido absoluto como queria a Metafísica. Não se trata mais de obediência cega à Religião ou ao medo do "fogo devorador", mas agora dotada de consciência e senso crítico, onde o praticante pode se sentir livre para debater e questionar as razões de sua fé. Nesse sentido, o Deus que Nietzsche declara morto é o da Metafísica, pois não nega a existência do divino, bem como as razões para cultuá-lo (...)

    Vattimo


    Mas quem sou eu Mestre...rsrs,no meu pouco saber,pelo que leio,pelo que vejo,o pensamento filosofico e metafisico já não se coaduna em muitas áreas ou situações.Salve-se a Ética!

    Bom fim de semana.
    Fraterno abraço.

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  2. Caríssima irmã Ana, talvez em homenagem a nós.
    Sim, nós que para além de conceitos, crenças e eventos possíveis levamos lá no mais profundo a nossa "coisa" que não tem nome, mas se quisermos usar um nome há vários e Deus Pessoal, Ego Solar, Espírito ou qualquer coisa do gênero sem contaminção Teológica, Filósófica nem mesmo Teosófica, e olhe que há uma distância muito grande entre esta e as duas citadas antes,enfim, O sol que por trás das nuvens brilha... que só nós sabemos porque arde e sentimos o seu fogo.
    Absoluto creio eu só o Absoluto e nada mais.
    Nietzsche, com todo o respeito não poderia ser referência nas questões metafíscas reais, que pairam acima de qualquer ideia metfísica descrita ou teorizada por quem quer que dela escrevesse.
    Matar Deus nem chega a ser piada, mas acredito numa crítica bem ciudada ao jogo comercial da religião e então essa morte teria um funeral feliz... Mas não sei nada dele.
    Absoluto creio eu e repito só o Absoluto e enquanto se mantinha em si, quietinho.
    Depois de se projetar no Universo, adeus Absoluto rsrsrsr.
    Ana, irmã Ana eu a admiro muito pela busca e até parece que os "degraus" que vai ssubindo me dá a impressão que olha para trás e me chama.
    Sério.
    Já quanto as razões para ser-se ateu ou religioso cai na relatividade da impermanência das transformações, e nada mudou desde ontem filosófico/relogioso/metafísico para o agora digamos, consciente.
    Ao contrário, me parece que as pessoas se apegam à linguística, e a religião no sentido originalíssimo do Religare sempre cumprirá o que traz interiorizado no termo real e a causa externa pode ser até o canto do regato que embala o despojado Iogue.
    Não acha?

    Feliz fim de semana

    Fraternalíssimo abraço

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  3. Acho,que é uma maravilha lê-lo,nossaaa
    ainda diz que eu olho para trás e o chama,é o contrário,é mestre sim senhor,Absolutamente,rsrsrs

    Achei piada ao"lá no mais profundo a nossa "coisa" que não tem nome" kkkkkk

    Agora a sério irmão Julio,tem razão,nada mudou "desde ontem filosófico/relogioso/metafísico",é essa situação que precisa ser mudada,continua-se a pensar,agir,a estudar,pelas cabeças pensantes de outrora,já feitas em pó,rsrs,que nem sempre estiveram certos no seu pensar e que hoje em dia já não se aplica,ou não deve aplicar.
    A religião no sentido do Religare,deveria cumprir o que traz interiorizado,mas ainda não cumpriu e enquanto olharem para a palavra religião noutro sentido,vai ser dificil cumprir.

    Eita prosa grande sô,rsrs

    Feliz fim de semana,amigo.

    Fraterno abraço

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