quinta-feira, 15 de julho de 2010

RETRATO PRETO E BRANCO (Marrom)

Conversando com as notas de um jornal velho, descobri que as arcaicas senhas são iguais aos últimos códigos políticos modernos.

Os termos suavizados pelos editores não escondiam por detrás as personagens rosnando como hienas ferozes; e as intenções mauras nas suas palavras demagógicas em tom suave revelavam a razão de tantas crianças desnutridas e as filas intermináveis de desamparadas vítimas da saúde pública, movendo-as às lágrimas em desespero.

Mas o que mais me chamou a atenção foi sem dúvida a cara de alguns, que mesmo sem fotografia escarneciam rindo e prometendo.

O jornal de tão velho amarelou pálido, e já prurido remeteu-me ao velho código de Hamurabi, do qual trazia umas notas em referência a um passado há muito sepultado, quando a justiça tardava, mas não falhava.

E a velha igreja de Pedro que em outra nota rememorava não a de Roma, mas a de certo tal não se sabe o quê de uma igreja recém lançada no mercado, àquela altura, e hoje já meio vovó convertida em palácio de mármore por fora, e falsidade e traição a ouro por dentro...

Semelhante a tantas que ora abundam para todos os níveis, e de preferência para os sem nível nenhum.

Não foi possível folhear todas as páginas, devido os altos índices de ácaros e outros fungos, inclusive os abstratos que as notas revelavam; mas como a primeira página trouxesse quase todos os assuntos de suas páginas seguintes e interiores, por osmose ou dedução vi quase tudo escrito em preto e branco, dito preto e marrom escuro...

Lamentei deveras a sorte daquele velho jornal, por tamanha carga de vermes e contaminação. Mas refiz meu juízo, pois se tratava apenas de um papel escrito com as já letras frias e mortas, embora tão vivas quanto opostamente as mortes que causaram revelassem em abstrato, as nunca dantes vistas tão concretas neste país!

Escondidas devido o tempo já sepultado, as vítimas continuam insepultas... Enquanto muitos algozes ainda vivos riam como caricaturas políticas de todos os tempos, tais como as de agora dissimuladas, falsas e corruptas às gargalhadas de ironia.

Para espantar-me de vez e salvar da ruína total aquele velho jornal, quase milagrosamente no canto esquerdo inferior lá estava a redenção suprema daquele velho matutino, numa pequena nota: “Concerto número vinte e um de Mozart”, ainda que, um comentário deveras inútil dizia que “duzentos anos depois da sua morte não fazia diferença se o Gênio Mozart havia composto sua primeira sinfonia aos oito anos”...

Bem, isto não merece nem comentário. O fato é que, de repente, Mozart e outros poucos desta magnitude existiram, e a sua música eternizada está em variadas formas de registro. Inclusive no velho e decadente jornal, tão cheio de corrupções e ácaros. E como um lótus numa ilha de fungos, sobressaía-se em pequena nota a magnífica imagem do grande Mozart, para acalentar, ainda que minimamente a mim, a quem o desalento já tombara pelo desgosto.

2 comentários:

  1. Carissímo Irmão
    Retrato a "Preto e Branco"confere,é o retrato de Pamina.Tamino é valente,existem mais Papagenos que Taminos.

    Mozart oferece-nos uma música que comunica ideais,sentimentos de fraternidade,igualdade,tolerância,liberdade.
    A gigantesca obra de Mozart é considerada uma Rosácea com mais de 600 pétalas.
    A Flauta Mágica,obra mitíca,mistíca e esotérica,Mozart alia a Numerologia,as Núpcias Químicas de Christian Rosenkruez,a União de Cristo Redentor e a música libertadora,o que equivale ao poder que reside na criação artistica.
    Na obra faz a ligação dos 4 principais presonagens aos 4 elementos e á estampa de Boehme em seu livro"Signatur Rerum"

    Mozart amava sua prima Maria Anna,ele tinha 21 anos ela menos 2 anos que ele.Numa das cartas que escreveu a sua amada estava bem expresso seu gosto em usar códigos tanto na escrita como na música,a carta foi redigida da direita para esquerda,o que demonstra que o génio da música teria conhecimentos da cabala judaica e sua cultura.

    Mozart existiu e a sua obra é Divina.

    Fonte de pesquisa:livro "Mozart,Esse Desconhecido"

    Bom fim de semana.
    Fraterno abraço

    ResponderExcluir
  2. Caríssima Ana,
    grande, sem dúvida é esse Mozart, mas cometeu um Erro Fatal, devido a sua Grandeza...
    Escreveu Don Juan, quando não poderia, e depois teve de escrever a Marcha Fúnebre que serviu a si mesmo.
    Mas tudo devido à sua grandeza.
    Bom fim de semana,
    e igualmente
    fraternalíssimo abraço
    de seu mano

    ResponderExcluir