sexta-feira, 30 de julho de 2010

Novela Virtual, do Orkut e do Fim do Mundo sem Fim...

Quando a suposta essência se dilui na antecâmara da morte,
é porque nunca ali brilhou a luz.
Só reflexo e um pouco de brilho da sorte
De “quem joga e é um franco-atirador”.

Sombras aos risos, e até têm cor!
Algumas têm até cor!
Sombras coloridas seriam então larvas?

Larvas de insetos vermelhos?
Quando a alma é pequena, não há cena em que fique bem.

Mas às vezes as almas grandes são capazes de gestos pequenos.

Por quê?

Ninguém sabe, mas de repente tudo se esclarece no dia seguinte.
No dia seguinte ninguém ainda saberá, mas se esquece o dia anterior.
E como alguém saberia onde resolver definitivamente a questão grande ou pequena?
É o ciclo da vida que passa a se revelar e a surpreender-nos.

Amigos...

Amor...

Onde?

A culpa é do ciclo e dentro do ciclo é o nosso tempo o culpado,

é o tempo das trevas da amizade e do amor verdadeiro.

Como retratar no meu rosto o desgosto de uma traição?

Rindo, mas eu havia jurado nunca mais fazer o papel de palhaço!

O poeta é mesmo um fingidor: simula uma coisa,
escreve outra, pensa uma terceira, para nada concluir na quarta, quinta...

Será que suas palavras criam alguma coisa nova?

Quem afinal comete traições virtuais?

Submetemo-lo ao rigor da lei virtual condenando-o ao ostracismo.

Mas a ostra não poderá ser virtual e sim uma cápsula hermética,
Onde penetre o mínimo básico, para aí vegetar muito tempo.

É mesmo tempo das folhas secas pelo chão.

E o outono chegou com o vento.
E o vento soprou para longe a última folha escrita.

A novela nem foi ao ar, e as primeiras cenas se foram com o papel
que o vento soprou para longe, porque fosse séria e tivesse conteúdo.

Ironicamente salvaram-se muitas almas,
que o papel escrito poderia cair nas mãos da novelista ou do simulacro de estadista.
E eles matam almas inocentes em nome do Ibope e ao belo transformam em feio.

Maldita novelista?

Maldito simulacro de estadista!

Quem sabe o que é certo e o errado?

Mas a Lei já levou um ente seu muito querido!

E a ele uma máquina de apenas um movimento venceu seu único neurônio.
E levou o representante planetário de Mercúrio

Estaria embriagado?

Mas não acordou?

Não!

Nem ela nem ele.
Ela não acordou e continua ensinando a arte da sacanagem e da traição
em nome do sucesso que não vale a pena ver de novo.
Seja numa pequena tela, seja em todo o globo.

E ele igualmente simula “simulacrando” o feito alheio
que o próprio qualquer engenho primário o impede e até a língua
o estranha e foge envergonhada.
Sim, acumula estagnando o que lhe chega às mãos em cifras e cifrões,
mas “o dinheiro mal ganhado água o deu água o levou”.
A fortuna adquirida ilicitamente, ilicitamente esvair-se-á pelo ar.
Que bom! Ladrão roubando ladrão!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Manifesto à Nação

Manifesto à Nação XLV


O art. 334, do Código de Processo Civil estatui:

“Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

I – notórios

II – afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III – admitidos, no processo, com incontroversos;

IV – em cujo favor milita presunção legal de existência o de veracidade.

A norma é de direito processual e não de direito eleitoral.

Todavia, aplica-se subsidiariamente no caso das declarações do deputado Índio da Costa, vice de José Serra à presidência da República.

Asseverou Índio da Costa que o PT tem ligações com a Farc e que Dilma Rousseff, quando ministra da Casa Civil contratou a esposa de Olivério Medina para trabalhar no Ministério da Pesca.

Ora, Olivério Medina é notório representante das Farcs – embaixador informal da guerrilha e fazia ligação com José Dirceu, Gilberto Carvalho, Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia e Paulo Vannuchi.

Olivério é o mesmo do churrasco em Brasília e suposto doador de fundos provenientes das Farcs para a campanha do presidente Lulla e, embora ligado com a narcoguerrilha, recebeu asilo político no Brasil e sua mulher emprego público.

Vale notar que o Foro São Paulo teve entre seus fundadores o presidente Lulla, Fidel Castro e as Farc que dele se afastaram após a eleição de Lulla para não prejudicar o companheiro presidente.

Também é fato notório que Lulla deixou se fotografar com um colar de folhas de coca, o que, por si só, é proselitismo do uso de drogas.

Coincidentemente o consumo de coca explodiu no Brasil, inobstante os esforços da policia federal para contê-lo.

A conseqüência é óbvia, o Comando Vermelho e o PCC são os grandes clientes das Farcs. (vide depoimento de Fernadinho Beira Mar), trocando entorpecente por armas para implantar na Colômbia, pelas armas, o marxismo do século XXI.

Como se vê, não houve baixaria no nível da campanha eleitoral, mas baixaria na conduta do PT e de sua candidata, bem como do seu estamento.

O apóio do PT, Lulla e Dilma a Evo Morales, no episódio do confisco da refinaria da Petrobrás e concessão de verbas para construção de estrada na Bolívia (apelidada de transcocaleira); o apóio do Brasil à Venezuela de Hugo Chaves, que abriga em seu território guerrilheiros das Farcs; o apóio à ilha cárcere – Cuba -, injuriando os presos políticos ao chamá-los de bandidos comuns; o apóio à ditadura sanguinária do Irã, tudo isto dá a perfil moral do PT e de sua candidata, contumaz violadora da Lei Eleitoral.

Faltou dizer que a teimosia do Governo Federal em negar a extradição do terrorista italiano e dar asilo político a Olivério, demonstra a proximidade do PT, de sua candidata e do presidente Lulla com as Farcs.

E torna fato público e notório que esse malsinado grupo, vide a nossa política externa, entrou em entendimento com país estrangeiro e com organização narco-guerrilheira nele existente, capaz de gerar conflito de caráter internacional entre o Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas.

Cabe, ainda, destacar que fotos comprovam que as Farcs têm acampamentos militares em território venezuelano, o que, “ipso fato”, revela a ligação entre Hugo Chaves e o grupo narco- guerrilheiro.

O encontro pela Polícia Federal de bases das Farcs na Amazônia, a exemplo das encontradas no Equador é tentativa de submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania estrangeira.

Logo, há violação pelos lideres do PT aos art. 141 e 142, do Código Penal Militar.

Valem mais no Brasil, dominado pelo PT & Cia., as versões do que os fatos, que o Nobre Deputado Índio Costa denunciou, embora se trate de fatos públicos e notórios e que, portanto, independem provas.

Mas, num país que está triste por ser a oitava nação do mundo em futebol e não se envergonha em ser a octogésima quinta em educação, demonstrada está, nitidamente, a inversão de valores que aqui impera.

A classificação do Brasil no ranque cultural, auxiliada pela Bolsa Família explica a popularidade do Lulla e do PT nas classes mais pobres, enquanto os escândalos políticos financeiros a justificam nas classes venais.

E esses altos índices de aprovação do presidente e seu partido cooptam os interesseiros e atemorizam os que têm o dever legal mantê-lo obediente à Lei.

Convém, pois, para o assalto ao poder, manter a ignorância e a corrupção.

Como se vê, tudo quanto disse o Deputado Índio da Costa são fatos públicos e notórios e, por força de lei, independem de prova.

Vinícius Ferreira Paulino

Mestre Maçom - Membro da Loja “Minerva Paulista”

Marco Antonio Lacava

Mestre Maçom - Membro da Loja “Minerva Paulista”

sábado, 24 de julho de 2010

O PT E O PÓ - GUILHERME FIUZA

O PT E O PÓ - GUILHERME FIUZA


O PT está indignado com a acusação de que tem ligações com as Farc e o narcotráfico. A explicação é simples: o partido pensava que aquele pó branco que os companheiros colombianos vendem era açúcar.

O PT não tem nada a ver com a cocaína. Adriano Imperador e Vagner Love também não. Todos eles só gostam de passear ao lado de traficantes armados até os dentes, conversar com eles por telefone, unir forças contra os agentes do mal.

Essa doce revolução do oprimido levou, por acaso, o líder narcoguerrilheiro Raul Reyes a escrever várias cartas a Lula. Todas devidamente recebidas pelo presidente brasileiro, porque trazidas em segurança por parlamentares do PT. Não há notícia de qualquer palavra de Lula de repúdio, crítica ou mesmo desconforto com essa situação.

Ninguém jamais ouviu o presidente brasileiro esclarecer, em alto e bom som: não mantenho e não manterei diálogo com terroristas financiados pelo narcotráfico.

Não. Os companheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são interlocutores do PT, já até tomaram assento juntos em colóquios formais, à luz do dia. Nessas ocasiões, possivelmente os bravos correligionários de Lula ainda pensavam que cocaína é açúcar.

O mais novo indignado com as acusações de ligação com as Farc é Hugo Chávez. O presidente venezuelano criou mais uma crise internacional para sua coleção, rompendo relações com a Colômbia. Ficou zangado porque disseram que há gente das Farc abrigada na Venezuela.

Deu a louca nos bolivarianos de butique. Tendo a seu lado o grande Diego Armando Maradona – que também não sabe diferenciar açúcar de cocaína –, Chávez protestou contra a afirmação de que há narcoguerrilheiros colombianos instalados em seu território. O que terá ele feito com seus hóspedes das Farc? Terá exportado a turma para algum acampamento seguro do MST?

Não está dando para entender a esquerda sul-americana. No Brasil, depois de anos e anos de flerte com os revolucionários do pó branco, o PT fica chateado com uma frase de Indio da Costa sobre a poética narcótica da relação. Esses amantes são mesmo suscetíveis.

Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco o partido de Lula vai dizer que não conhece Dilma Rousseff. Ou que só a conhece socialmente, assim como os fuzis e o açúcar que passarinho não cheira.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Fernando Henrique Cardoso.

Este artigo lúcido e ventilado com a realidade dos fatos, deverá servir de norte a quem tem amor à pátria e ao seu povo.



Fernando Henrique Cardoso



O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

sábado, 17 de julho de 2010

NOVA ÁGUIA

“O Comunismo não é a fraternidade: é a invasão do ódio entre as classes.
Não é a reconciliação dos homens: é a sua exterminação mútua.
Não arvora a bandeira do Evangelho: bane Deus das almas e das reivindicações populares.
Não dá tréguas à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Extinguiria a religião.
Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do criador”.

Rui Barbosa

Certa feita, eu cometi a heresia de postar o pensamento acima, na Nova Águia, uma revista eletrônica que se arvorou de resgatar a antiga Águia, onde outrora militaram vultos singulares da cultura portuguesa, destacando, dentre eles, Fernando Pessoa.
Foi deletado, quando alegaram que ali havia ilustres comunistas que poderiam se ofender... Ilustres comunista? Existe isso? Bem!
Foi quando compreendi que se aquele pequeno texto na iluminou aquele espaço, certamente aquele era um céu de pardais e a tal condição, além de um instrumento de comercio a Nova Águia virou mesmo um reles pardal.

E não é que esse pardal anda agora com uma demanda e lançou até uma petição para elevar á categoria de Secretário Geral da ONU um analfabeto, corrupto, alcoólatra e que nem a língua de seu país fala!
Pois além do candidato dever falar no mínimo mais duas línguas além da sua, deve e ter ilibada reputação e elevado saber, coisa que o apedeuta não tem.

E fazem isso passando por cima da tradição, rompendo com a tradição que tem conduzido os Secretários a um segundo mandato, consecutivo.
Mas ele quer, e já começou a exigir mudanças no ONU... Quererá implantar lá também uma quadrilha do Mensalão, da ONU?

Ou uma será uma representação do PT a serviço do Chávez, Fidel, e outros, dessa lavra?

Realmente Portugal surpreende com os seus doutores modernos.
Aqui no Brasil há muitos desses de História, Geografia, ciências sociais etc.

Marxistas que não conhecem o canalha que ele foi...

Quem tiver boa vontade, neste endereço tem um bom resumo desse canalha...

http://inquestionavelmarx.blogspot.com/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

RETRATO PRETO E BRANCO (Marrom)

Conversando com as notas de um jornal velho, descobri que as arcaicas senhas são iguais aos últimos códigos políticos modernos.

Os termos suavizados pelos editores não escondiam por detrás as personagens rosnando como hienas ferozes; e as intenções mauras nas suas palavras demagógicas em tom suave revelavam a razão de tantas crianças desnutridas e as filas intermináveis de desamparadas vítimas da saúde pública, movendo-as às lágrimas em desespero.

Mas o que mais me chamou a atenção foi sem dúvida a cara de alguns, que mesmo sem fotografia escarneciam rindo e prometendo.

O jornal de tão velho amarelou pálido, e já prurido remeteu-me ao velho código de Hamurabi, do qual trazia umas notas em referência a um passado há muito sepultado, quando a justiça tardava, mas não falhava.

E a velha igreja de Pedro que em outra nota rememorava não a de Roma, mas a de certo tal não se sabe o quê de uma igreja recém lançada no mercado, àquela altura, e hoje já meio vovó convertida em palácio de mármore por fora, e falsidade e traição a ouro por dentro...

Semelhante a tantas que ora abundam para todos os níveis, e de preferência para os sem nível nenhum.

Não foi possível folhear todas as páginas, devido os altos índices de ácaros e outros fungos, inclusive os abstratos que as notas revelavam; mas como a primeira página trouxesse quase todos os assuntos de suas páginas seguintes e interiores, por osmose ou dedução vi quase tudo escrito em preto e branco, dito preto e marrom escuro...

Lamentei deveras a sorte daquele velho jornal, por tamanha carga de vermes e contaminação. Mas refiz meu juízo, pois se tratava apenas de um papel escrito com as já letras frias e mortas, embora tão vivas quanto opostamente as mortes que causaram revelassem em abstrato, as nunca dantes vistas tão concretas neste país!

Escondidas devido o tempo já sepultado, as vítimas continuam insepultas... Enquanto muitos algozes ainda vivos riam como caricaturas políticas de todos os tempos, tais como as de agora dissimuladas, falsas e corruptas às gargalhadas de ironia.

Para espantar-me de vez e salvar da ruína total aquele velho jornal, quase milagrosamente no canto esquerdo inferior lá estava a redenção suprema daquele velho matutino, numa pequena nota: “Concerto número vinte e um de Mozart”, ainda que, um comentário deveras inútil dizia que “duzentos anos depois da sua morte não fazia diferença se o Gênio Mozart havia composto sua primeira sinfonia aos oito anos”...

Bem, isto não merece nem comentário. O fato é que, de repente, Mozart e outros poucos desta magnitude existiram, e a sua música eternizada está em variadas formas de registro. Inclusive no velho e decadente jornal, tão cheio de corrupções e ácaros. E como um lótus numa ilha de fungos, sobressaía-se em pequena nota a magnífica imagem do grande Mozart, para acalentar, ainda que minimamente a mim, a quem o desalento já tombara pelo desgosto.

terça-feira, 13 de julho de 2010

CÓDIGO

Quando os dois se encontravam, porque fossem grandes amigos e gostassem de pessoas, costumavam conversar sobre gente; e desta feita esta teria sido a conversa:

Ela – Que me diz da essência das pessoas, o que elas são e o que pretendem parecer?
Ele – Não sei. Há muito que dizer e ao mesmo tempo, tão pouco!
Ela – Creio que há pessoas que são apenas o que comem...
Ele – Não só, há também pessoas que são o que fazem, quando fazem...
Ela – Sim, e então são também de alguma forma o que pensam.
Ele – Serão, pois, todavia, inegavelmente também o que sentem!
Ela – Sim, o que sentem. Pena é que muitas não são o que dizem ser!
Ele – Para com isso voltarmos ao inicio da questão, e no fim serem só o que mentem?
Ela – Sim, sim, mas há muitas que não são nada porque fingem ser o que não são!
Ele – Será essa a razão de ninguém acreditar em ninguém e se viver na pequena ilusão dentro da grande ilusão?
Ela – É! Há casos em que o coração fechado ou aberto, a palavra santa ou maldita,
Fazem o espaço pequeno para tudo e todos que em sua volta habitam.
Nesses pouco há que seja de fato inteiro, sadio e baste fraternalmente!
Ele – O que importa já agora se o fazem e dão por amor, ou se está escrito
Na escrita, se o fazem para viver, ou se está chovendo lá fora...
Se a palavra é sábia ou maldita?
Ela – Já descendo ao sabor, que importa então a cor?…
Ele – Nada importa: exceto que a vida não pode morrer!
Ela – Impera então deixá-la passar, pouco importa se chove lá fora
e apesar dos contrários e dos preconceitos, é preciso viver e continuar...
Ele – Imperiosamente já então não importa se é ou não é de verdade ou de mentira,
Desde que movente, porque nada deixará de ser sendo de qualquer maneira e modo!
Mas o melhor será ser e existir integral e alerta!
Ela – O bom momento é então de encerrar o assunto, porque é inútil discutir
Quando o homem é ainda alguém que precisa da ilusão das frações,
Para viver e sonhar com a anarquia.
Ele – Seja então encerrado o assunto, porém a palavra sobreviverá,
Apesar das frações e dos ataques ao equilíbrio...
Ela – É preciso cultivá-la, mantê-la integra e casta para expressar clareza mental.
Ele – Os futuros cavaleiros, arqueiros e artífices e qualquer cidadão
Necessitam de exemplos elevados na sua conjugação, ao contrário de órfão
Tal como órfão se tornou na “ilha” e no alto patamar da nação...
E lá do alto, no mais alto poder absolutamente corrompida
Pelo mais alto chefe de nenhum saber, nem conhecedor do peso
Da palavra à qual macula no mais simples gesto e sílaba que profira.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

À JANELA

Não sei por que ingenuamente pusera-me assim, à janela, a ver passar quem já aqui não anda!

Mas em seguida me recolhendo aos meus régios aposentos, muito embora humildes, muito embora pobres, porque neste caso a riqueza os empobrece, mas deveras régios e honrados por mim unicamente habitados com elevado orgulho, e ao perceber esta condição, por estar onde estou, de repente, deixei de olhar lá fora e passei a olhar para dentro.

E ainda que não seja dentro a eterna morada, é certamente um lugar do qual ninguém guarda lembrança e não tem semelhança em gênero, cor ou credo com alguém e algo seu já conhecido, que jamais poderá me acusar de lho roubar, ou que o vou a imitar.
Pois já agora, aconteça o que acontecer, sem medo de andar aqui, a mim habito plenamente, e não há nada igual à minha régia residência.

E foi assim que vi ainda há pouco, quando à minha janela passava um sem fim de gentes, com gestos largos e palavras graves dizendo coisas incompreensíveis.
E por essas vozes e gestos já nem lamento a minha janela há muito tempo apenas entreaberta, pois também ao que vejo através dela, às vezes já nem existe ou já não desejo ver!

Por isso não lamento a falta de floreiras nem de vasos e até estou satisfeito por já ter uma simples janela.

Por ela solta no espaço não poder ser instalada, aberta ou fechada, evidentemente tenho já uma casa.

Mas reafirmo ser minha casa humilde, mas de meus régios aposentos cumpre e sou-lhe muito grato e honrado, por isso.

Sim, com todas as premissas vivo ainda, tenho sim uma casa e até caminho com ela!
E quando às vezes valha à pena levantar-me ergo-me de meu trono de pedra, que se encontra no centro de minha casa.

Já houve um trono ornado de marfim, e outro de cristal, mas nessa época eu ainda nem existia; e é-me então falsa a idéia de um trono de marfim ou de cristal.
Embora eu creia em um único trono, mas falar aqui desse trono é impossível, por ser único.

Sendo único, como descrevê-lo, se não existe outro para se fazer uma analogia e obter um parâmetro?

E depois todos desejam para si um trono pessoal de ouro, e por essa razão nem vale a pena disso mais falar, e encerrar o assunto trono é o que urge e rege que se cumpra.

Voltando aos aposentos, móveis, tem já um par de pés, e não descalços vão sem eu querer e sem saber o que é melhor, se ir descalços ou calçados os meus pés, com os quais nem sempre uso para movimentar-me, por nem sempre os usar para caminhar, equilibrado nas duas colunas...

Ah, mas deveras as mãos é que realmente surpreendem! Tanto as metafóricas quanto as de carne com luvas de pelica revestidas ou não, pouco importa se importadas da suíça, ou de algum outro paraíso fiscal sem nome, nem identificação, ou se rudes e calejadas mãos vazias, tais as minhas!

Irrequieto, este meu móvel edifício não cansa de à toa andar e me levar por aí, mesmo quando sentado deito a minha cabeça sobre o ombro esquerdo, quase dormindo.
Irrequieto e solitário, cada vez mais solitário em razão do já desgastado físico, que operando constantemente profundas transformações o desfiguram, tornando-o quase irreconhecível a quem o conheceu na juventude.

Mas como eu vou dentro dele, chego a divertir-me observando as pessoas titubearem ante a dúvida de quem dentro de casa se encontra agora...

E quem nunca experimentou semelhante espiada, olhando do lado de dentro, para fora? Experimente e surpreender-se-á com as atitudes e comentários das pessoas que passam olhando...

A maneira mais interessante e que é possível adotar, para se ficar dentro a espiar, é aquela dos pesquisadores de animais, que se escondem dentro das espias, camufladas...

É evidente que as pessoas sobre a nossa observação têm atitudes diversas e algumas agem um pouco diferentes dos animais.

Mas outras há que excluindo a voz, a semelhança aumenta muito e até ofende os animais semelhante comparação.

Nestes casos estranhos, de quem de repente nos observa é impossível diferenciar e se confundem mesmo com os animais carnívoros, ou não...

Entretanto, agradabilíssimas surpresas também se teem, com a maioria das pessoas gentis; essencialmente boas fazem comentários admiráveis de grande apreço e respeito humano, e revelam denodado espírito de amor ao próximo.

Vale só por isso a pena semelhante experiência, porque estas pessoas façam renascer em nós, não se sabe de onde vinda renascida a esperança.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

DIÁLOGO ÍNTIMO

Amigos e amigas, eu pensei escrever o mais belo texto, que fosse possível de escrever
em homenagem à vossa amizade.
Mas como descrever a beleza?
Ou, o que é a beleza?
Pareceu-me de momento ser a verdade a mais bela forma de beleza.
Foi então que surgiu a indagação cruel: o que é a verdade?
É alguma coisa que deve ser buscada por cada um de nós.
É então necessária também a fé...

DIÁLOGO ÍNTIMO

Personagens que habitam a meio à realidade e meio metafísicos encontraram-se numa biblioteca, e começaram a conversar, enquanto aguardavam a hora de voltar ao trabalho, e este foi o tema:

Ela – Que fizeste àquela linda melodia, que à noite solitária e enlevada eu ouvia, quando tocavas andando no jardim de tua casa?

Ele – Já nem me lembrava de que tocava um instrumento! Bem, tu me lembraste! Mas não sei se era bela, a minha música!

Ela – Sim, de ânimo levantado tocavas belíssima melodia! E também te ouvi certa feita dizer que não gostavas do canto da cigarra...

Ele – Não me lembro de te dizer isso, não, mas ainda hoje não gosto do canto da cigarra; e que pena, não me lembro de mais nada te dizer!

Ela – Disseste tanta coisa! E fez-me tão bem o que disseste! Foi muito bom ouvir-te. Talvez sem querer dissesses o que eu estava precisando ouvir!

Ele – Como? Falei o que precisavas ouvir, sem intenção de o dizer? Desculpe! É que nem do papel ao qual em minha estrada ando a representar eu lembro! Nem sei o que pensar nem o que responder! Confesso que não sei o que dizer.

Ela – O que quiseres. Tem o dom da palavra, meu poeta... E em nome da arte e do belo não cala, que a tua fala, além de bela, liberta! E aos já libretos, os alegra!

Ele – O que dizes? A minha pobre e inculta palavra, que nem sempre eu próprio desejo ouvi-la, de tão ignóbil salva e liberta! A quem eu libertaria?

Ela – Isso também eu não sei exatamente! Mas talvez alguém ansioso para ouvir-se! Talvez! Sem coragem de falar a si mesmo, ferindo-o as tuas palavras desperte! Talvez, mas também não sei!

Ele – Feri-lo? Carrasco eu não creio ser; nem guerreiro da palavra; mas realmente não sei como haveria de com ela a alguém salvar!

Ela - Sim, tu não és um carrasco cruel da palavra, mas também não és um anjo! Não, não és um demônio, tampouco um Deus! Porém, sendo poeta podes combater o bom combate e até sonhar! Quem sabe não sejam os teus sonhos que em versos andam a libertar?

Ele – Como se já não bastasse à triste sina revestir-me de poeta, terei também de ser um pobre sonhador, para em versos com meus sonhos salvar? Como, se o que sonho até a mim anda a prender! Os tenho na conta de tão pequenos, que a mim próprio custa-me tanto a ouvi-los e até me andam a aporrinhar! Não, não pode ser!

Ela – Sim, em homenagem à língua podem sim, pois o jardim onde florescem os teus sonhos sou eu! E ao sonhar, sonhais teus versos em mim...

Ele – E quem és tu, afinal? Embora de mim mesmo pouco saiba, se me permitires eu quero saber, agora que já te ouvi, quem és tu, afinal? Assalta-me neste momento uma necessidade imperiosa, poderosamente metafísica de conhecer qualquer coisa de ti!

Ela – Ah, eu sou teu íntimo! E tu em mim és alma... Apenas alma! Por isso não podes olhar-me nos olhos, porque sou o mais profundo do teu olhar! E não poderia então ser tua fêmea, se nem sou mulher! Sou apenas metáfora de ti mesmo, para que um dia ao olhares dentro de ti, aí me reconheceres. E, se nesse dia quiseres em minha pátria o teu bem mais precioso guardar, digo-te então que sou a tua anima, e também o hálito que em tuas narinas ando a soprar...

Ele – Nem sei o que dizer! Diante de tamanha impetuosidade verbal, como posso sentir-me autor dessa arte que me dizes andar a exercer se não sei se o que tenho quero ou se não quero, e quase sempre o sim é não! Desta estranha revelação não sei o que responder! Entretanto, responde-me: o mais elementar princípio de uma personalidade que se revela tem um nome pessoal: terás tu então um nome?

Ela – Respondendo a primeira parte de tua pergunta, interiormente sabeis muito bem a resposta para todas as coisas que perguntais, e sabeis bem o que desejais. Então, confia!
Quanto a eu ter um nome, é o meu selo oculto ainda uma criança... Atreve-te a trazer-me à existência plena, e chamar-me-ei nesse instante, só nesse instante consciência. Mas depois disso, para sempre te lembrarás de mim, e esse será eternamente o meu nome...

Ele – Quão bela é essa sentença! Numa única palavra revelas a maravilha das maravilhas, Consciência! Precisava ouvir essa melodia numa só palavra. Precisava!

Ela – Sim, certamente essa é a mais pura e bela expressão no sublime jogo da “conquista”! Quem busca o eixo e o eu, aí encontrará a Consciência! Pois quando ela reinar, nunca mais quem dela desperte há de sujeitar-se às fraudes, nem às mentiras... É por excelência essencial a voz do eu luminoso, e vai muito bem guardada, no âmago de cada eleito

Ele – Belíssima e mui rica síntese fonética, preciosa síntese essencial geneticamente perfeita, uma única palavra! Quão bela é e rica, a nossa língua! Nem carece dizer mais nada. Apenas repetir... Com/Ciência...

Ela - Silenciemos então essa maravilhosa semente em nossos corações e em nossas mentes, pois também já é a nossa hora de voltar!