sábado, 19 de setembro de 2009

CRUCIAL DESASSOSSEGO

Para o meu Amigo Júlio Teixeira,
meu místico ... "irmão de armas"

Onde te escondes, Deus, que não te vejo?
que aspecto tens, como é a tua face,
qual é, deveras, a palavra-passe
para te contactar, como desejo?!...

Que nome tens nos vários idiomas
falados sobre a terra, cada qual
com sua construção gramatical,
seus sons, suas cadências, seus aromas?

Onde é que tens a tua residência,
como é que lá se chega, quando um dia
vier a ser... a minha moradia?

Podias-me dizer... sem nenhum medo
de eu revelar, traindo, o teu segredo,
caso me faças... essa confidência!

JOÃO DE CASTRO NUNES

3 comentários:

  1. Caro Irmão, não só de armas, mas de alma, inté,
    se esconde Deus segundo a lenda em que creio
    No âmago pagão porém no seio
    de cada um, além, muito além da pura fé.

    Diz essa mesma lenda ter sido a solução
    do Criador prevendo as artes e artimanhas
    do futuro homem racional com suas manhas
    e o lugar escolhido um lugar no coração
    secreto onde não seria encontrado
    senão por quem longos mares e terras
    já andados e cansado já das guerras
    aí resolva procurar...

    O nome sem nome é, mas o maior e melhor predicado... "tu puro amor" Camoneano assim bem dito...

    Astuto esse Deus, não acha, caro amigo João?

    Obrigadíssimo pela lembrança em rendilhadas
    estrofes e versos dourados.

    Talvez melhor que eu até Camões por mais saber admirasse, talvez, quem sabe?

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  2. REVELAÇÃO

    Senhor meu Deus, que errado tenho andado
    em te buscar nos céus, de ponta a ponta,
    pelas estrelas, tendo-te ao meu lado,
    dentro de mim, talvez, sem dar-me conta!

    Procurado te tenho, vê tu lá,
    no bater de asas da águia do Marão,
    nas névoas luminosas da manhã,
    nos versos do Poeta de Gatão.

    Busquei-te até no chão das alamedas,
    no pó das vulgaríssimas veredas,
    na douta voz dos lentes de capelo,

    quando afinal, segundo o meu Amigo
    Júlio Teixeira, eu tinha-te comigo
    no coração, tão perto, sem sabê-lo!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    Coimbra, 19 de Setembro de 2009.

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  3. Que belo, amigo! Que belo amigo João!

    Quem dera em arremedo pudesse eu dizer o que nem é preciso dizer!

    Mas não importa muito saber se está aí.

    Daí ele não sai, senão quando chamado o ego a prestar contas, tal como na parábola dos talentos...
    E se não fez o que devria ter feito...
    Se não caminhou, não amou.
    Não criou filhos, não fez sonetos com os quais a língua se engrandece,
    nem com a sua mensagem não ensina.
    E SE ENFIM não cresceu porque ao que recebeu no chão enterrando com medo de o perder
    não O multiplicou...
    Amortalhado se vai no fim do ciclo de muitas eras, o ego gorado morto pela segunda morte.
    Mas ainda é cedo meu amigo João,somos muito jovens de universo!

    Mas ainda que "sem sabê-lo" é Ele eloquente em sua poesia, pode crê-lo! rsrsrrsrs

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